domingo, 29 de maio de 2011

Paloccigate” é só o ensaio.

O que é ser ético em política? A cada dia que passa, fica mais difícil associar honestamente as palavras “política” e “ética”. Tornaram-se quase antônimas. Ou você é ético ou você é político. Há os que conseguem não ser as duas coisas, mas ser ambas é viagem astral. Você pode ser um sonhador, idealista, crente na ciência política exercida com ética, mas assim que inicia sua primeira campanha eleitoral, mesmo para chefe do diretório acadêmico de sua faculdade, você é contaminado pelo jogo de interesses e toda a barra pesada que envolve os processos políticos. Se ganha a eleição não é por ser o melhor, mas o menos ruim. Daí em diante, sua carreira política quase sempre passa longe da ética. Ninguém – absolutamente ninguém – empobrece depois de ocupar cargo público! É da natureza do ambiente que experiência e conhecimento adquiridos se convertam em benefício próprio. Lula dobrou seu patrimônio em menos de 6 meses: já na 3a palestra que deu, somou mais dinheiro do que o acumulado nos 8 anos de salário como presidente. FHC demorou mais tempo por duas razões: a) já era rico – portanto levou mais tempo para dobrar sua riqueza. b) vale menos que Lula como palestrante – portanto precisou de mais palestras para receber o que Lula recebeu em 3.

Como deputado (eleito depois de ser inocentado no caso da quebra de sigilo do caseiro) – Palocci seguiu as regras do jogo. Vendeu consultoria e recolheu os devidos impostos. É um político empresário. E como tal, fez o que todo político empresário faz: ganhar dinheiro com a experiência adquirida. No caso dele estritamente dentro da lei, noves fora a ética utópica da política. Justificou: se todos fizeram, fazem e farão, por que eu não?

Se não fosse assim, como deveria ser?

Vamos supor que a lei da quarentena que proibia os políticos de oferecerem consultoria por um período mínimo de um ano após deixarem o cargo estivesse em vigor. Que não tivesse sido engavetada por essa mesma oposição que agora tenta aplicá-la sobre o ministro. E vamos supor ainda que, “por falta de tino comercial”, Palocci não constituísse empresa alguma de consultoria. Mesmo assim, o que o impediria de “aconselhar seus amigos” em “conversas informais” entre um uísque e outro?

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