domingo, 29 de maio de 2011

Slavoj Zizek no Brasil: “Não há uma solução simples, e a questão da ecologia é impregnada de ideologia”



Por Eduardo Sá e Laís Bellini, 26.05.2011

Slavoj Zizek durante o evento no Rio de Janeiro. Foto: Vitor Vogel/Fatos Sociais.
Pela terceira vez o filósofo esloveno Slavoj Zizek veio ao Brasil, e novamente com seu tom provocador. Após duas conferências realizadas em São Paulo e no Rio de Janeiro nesta semana, com a temática “Revolução: quando a situação é catastrófica, mas não é grave”, ele lançou dois livros em nosso país: Em defesa das causas perdidas e Primeiro como tragédia, depois como farsa, ambos pela Boitempo Editorial. Os auditórios do Sesc Pinheiros, em São Paulo, e do Cinema Odeon Petrobras, no Rio de Janeiro, ficaram pequenos para o evento, que também foi transmitido ao vivo pela internet.

Um dos expoentes do marxismo contemporâneo e psicanalista esquerdista, Zizek teve pouco tempo para falar tudo o que queria. “Há 30, 40 anos atrás os europeus vieram à America Latina pensando que os que viviam aqui eram ‘os idiotas’. A ideia na cabeça deles era: ‘vamos vender coisas para eles’. Mas hoje a América Latina confia nas suas coisas. Por essas razões tenho orgulho de estar aqui”, disse.

Os ecologistas catastróficos, a política verde e o mito da sustentabilidade

“Não acredite nas ideias de que em um 1 ou 2 anos estamos mortos”, observa Zizek, que aponta esse tipo de pensamento como uma construção de ecologistas catastróficos. Segundo ele, o debate em torno da questão ecológica está impregnado de ideologia e é preciso ficar muito atento ao que é apresentado sobre o tema. Pois muitas vezes são criadas visões que, apesar de apresentadas como soluções, funcionam de forma a evitar o confronto objetivo das ameaças ambientais.

“Temos que admitir um desequilíbrio natural, catástrofes inimagináveis já houveram. É preciso desconfiar dessa auto culpabilização, por causa dela vem uma das ideologias falsas mais perigosas. É um conjunto de princípios embebidos na nossa prática diária. Permite inventar uma série de estratégias, de práticas superticiosas que evitam enfrentar o problema real”, adverte o filósofo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário