domingo, 29 de maio de 2011

Espanha: o cenário depois das eleições

Por José Daniel Fierro - 23.05.2011

Na Espanha, pode-se dizer que de cada 100 cidadãos, mais da metade não optou por nenhum partido políticoA “esmagadora maioria” do PP com a qual nos tratam de confundir não chega nem aos 20% da população (24% de que tem direito a voto).

Uma das frases mais ouvidas durante estes dias, nas distintas concentrações e acampamentos que estão acontecendo na maioria das cidades do país, pede que “não vote neles (não nos representam, não!)” em referência ao PP e ao PSOE.

A crítica ao asfixiante bipartidarismo, e também à atual lei eleitoral que o favorece, é um dos pilares sobre o qual se articulou o movimento 15M e que deu lugar a uma corrente de regeneração democrática partindo da praça pública, em assembleia e onde cada pessoa pode se expressar, ser escutada e decidir em pé de igualdade. O alvorecer desta iniciativa coincidiu com a celebração de eleições municipais e regionais, nas quais a denúncia de uma estrutura antidemocrática (que converte a farsa eleitoral em legitimação do sistema) foi a bandeira do movimento, mas sem chegar a promover estratégia alguma sobre a decisão pessoal (além de preconizar o voto responsável). Se foram permitidos concentrações e acampamentos durante a jornada de reflexão, isso ocorreu, entre outras razões, porque nunca se pediu o voto para nenhuma formação, nem tampouco qualquer outra possibilidade frente às eleições (abstenção, voto em branco, nulo...).

Os meios que durante a parte final da campanha haviam centrado sua atenção no movimento dos indignados, mudaram seu objetivo, depois de se tornarem conhecidos os resultados eleitorais, dirigindo-o aos derrotados (PSOE) e vencedores (PP), e escolher declarações grandiloquentes do que farão, da nova etapa que se abre etc. Velhas promessas nunca cumpridas, mudam os palhaços mas o circo segue.

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