Do blog O Óleo do Diabo
Neste sábado frio, tomei o café da manhã bombardeado por manchetes globais sobre a nova denúncia do Procurador-Geral da República, Antônio Gurgel, contra o esquema do mensalão. E também por alguns desdobramentos da queda do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, cujas supostas estrepolias ainda não tive chance de abordar por aqui. Trata-se de uma excelente oportunidade para filosofar um pouco sobre aquele que possivelmente seja o mal mais antigo da civilização: a corrupção política.
Ao filosofar sobre o tema, porém, não pretendo com isso apelar para uma generalização conivente ou oportuna, apontando a escuridão do passado para acharmos as trevas de hoje menos sombrias. Ao contrário, gostaria de fazer uma abordagem que nos tornasse mais conscientes e mais indignados.
É um desafio.
Podemos começar por uma asserção corroborada tanto pelo senso comum quanto pela ciência política: o poder corrompe.
Não é uma afirmação moralista, embora seja uma avaliação, sim, bastante pessimista. A raíz do vocábulo "corromper" é forte: vem do latim "corrumpere", que significa "destruir, devastar, arruinar, disperdiçar". Mas também possui o significado de "alterar".
Poderíamos ainda fazer uma gracinha pós-moderna e separar a palavra com tracinho: o poder co-rompe.
O poder "rompe" a igualdade básica entre seres humanos. A democracia é uma ideologia linda, um contrato político sofisticado, mas jamais conseguirá superar este trauma de nascimento: brincávamos todos juntos, éramos irmãos, amigos, iguais; de repente, tem alguém mandando, outro obedecendo.
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