sábado, 9 de julho de 2011

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO E O SEGREDO DE JUSTIÇA

Do Blog Naufrago da Utopia

Na sociedade do espetáculo, a espetacularização de investigações policiais virou norma. Há uma grotesca promiscuidade entre  otoridades  ávidas por uns minutinhos de fama e jornalistas que pisam no pescoço da ética para subir na carreira.

Nunca esquecerei o repórter da TV Globo camuflado com indumentária da Polícia Federal ao cobrir a prisão do filho de Paulo Maluf. Se estivesse numa guerra, o uso de farda  inimiga  lhe acarretaria o fuzilamento como espião.

[Alguém objetará: a PF pode ser considerada a inimiga da imprensa? Sim, mil vezes sim! O dever do jornalista é permanecer tão equidistante quanto possível de policiais e de bandidos, sem deixar influenciar-se por uns nem por outros, mantendo as mãos livres para defender os valores da sociedade e da civilização contra qualquer dos dois que os ameace.]

Outro episódio emblemático foi o da equipe de TV que combinou com a Polícia um bis da prisão de um bandido. Assim, o malfeitor já detido voltou para o volante e, filmado pelo cinegrafista que seguiu com ele no veículo, deveria chegar à barreira policial e nela ser rendido.

Só que o marginal tinha outros planos: acelerou, transpôs a barreira, desgovernou-se, colidiu.

Houve as reprimendas de praxe, mas o delegado e o responsável pela reportagem mereciam punições bem mais severas -- o primeiro por arriscar-se a perder a presa e por expô-la a uma humilhação descabida; o segundo, por tentar iludir os telespectadores, impingindo-lhes gato por lebre; ambos, por extrapolarem em muito os limites de suas funções.

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