sábado, 14 de maio de 2011

Quanto custa o sonho de Kassab


O prefeito de São Paulo faz nomeações em empresas públicas, cria secretarias e agrada aos vereadores para consolidar o sucesso da criação de seu novo partido, o PSD

Alan Rodrigues

FUTURO

Vitórias com o PSD credenciam Kassab como uma peça-chave no tabuleiro da política nacional

Atende pelo apelido de “Malufinho” o principal articulador político do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Seu nome é Antonio Carlos Rizeque Malufe, advogado de 61 anos, atual secretário de relações governamentais da prefeitura. Ele anda assoberbado nas últimas semanas ajudando a criar o Partido Social Democrático, o PSD. Foi num jantar, uma “carneirada”, na casa de Malufinho, no dia 18 de março, que o prefeito comunicou a seus aliados a saída do DEM. De lá para cá, os projetos políticos de Kassab foram um sucesso só. Ele esvaziou o PSDB de seu rival, o governador Geraldo Alckmin, redesenhou a política paulista, acabou de dizimar o DEM, construiu uma alternativa a lideranças nacionais traídas nas urnas, conquistou o apoio de dois governadores, cinco vices, três senadores, 50 deputados federais e dezenas de prefeitos. O paulistano Kassab virou peça-chave no tabuleiro da política brasileira: em qualquer canto do País, hoje o PSD é chamado de “o partido de Kassab”.

Malufinho tem ajudado muito o prefeito a consolidar essa vitória. Ele é um quadro partidário experiente. Ingressou na política como assessor do ex-governador Mário Covas e, depois, foi trabalhar com José Serra, ex-candidato do PSDB à Presidência da República. Hoje está nas mãos de Malufinho a estratégica liberação de R$ 25 milhões (o dobro do que havia sido aprovado em 2010) para emendas parlamentares. A distribuição de verbas contempla 25 dos 55 vereadores eleitos. Os campeões em aprovações foram justamente os vereadores do PSDB que abandonaram o ninho tucano para caminhar em direção ao PSD. O líder dos desertores, o vereador Dalton Silvano, está no topo do ranking. Ele conseguiu, de uma só vez, R$ 1,8 milhão dos R$ 2 milhões a que todo vereador tem direito, mas que dificilmente são liberados. A 18 meses das eleições municipais é um apoio e tanto. “Não tive privilégios, trabalho em cima das emendas”, defende-se Silvano. “Saí do PSDB porque a relação estava deteriorada”. O PCdoB, outro recente aliado de Kassab, também melhorou sua sorte com as emendas. No ano passado, o partido do vereador comunista Netinho de Paula teve aprovada menos da metade de suas emendas. Agora só Netinho levou R$ 1,8 milhão, empatando com Silvano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário