domingo, 8 de maio de 2011

A grande imprensa e o preço do silêncio

Balzac insistia em que se a imprensa não existisse para bem da sociedade, não deveria ter sido inventada. Na época, o jornalismo tinha pouco a ver com informação. Supunha-se que os jornais devessem servir menos como noticiários, e mais como espaços de opinião. Se alguém encontrar algo de parecido com presente, talvez não seja só uma volta ao passado.

Enio Squeff

A sugestão implícita de Balzac, no seu "Ilusões Perdidas", de que a profissão mais antiga do mundo, pode não ser necessariamente a prostituição, dá-se num contexto em que ele fala do jornalismo. Na época, o jornalismo era uma novidade. O escritor insistia em que se a imprensa não existisse - literalmente, para bem da sociedade, "não" deveria ter sido inventada. Mas já que fazia parte do repertório do seu mundo - que se fizesse presente com tudo de ruim que pudesse acarretar. Na França de então, o jornalismo tinha um sentido unívoco e equívoco, pouco a ver com a informação. É possível que fosse por isso que nos dicionários portugueses antigos a palavra jornalismo não existia. Quem quer que publicasse suas opiniões em diários, era simplesmente "publicista". Supunha-se que os jornais devessem servir menos como noticiários, do que como espaços para opiniões dos possíveis "publicistas". Se alguém, enfim, encontrar algo de parecido com o que se tem hoje em dia, talvez não se trate apenas de uma volta ao passado.

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