sábado, 14 de maio de 2011

Saulo de Castro Abreu: falta alguém em Nuremberg

Blog do Amoral Nato

No fatídico ano de 2006, São Paulo testemunhou um dos maiores esbirros autoritários da sua história.
O então Secretário de Segurança Saulo de Castro Abreu enlouqueceu. Deteve um dono de restaurante por ter impedido o estacionamento de seu carro. Invadiu a Assembleia Legislativa acompanhado por uma quadrilha fardada – policiais ostensivamente ameaçadores. São Paulo estava entregue ao caos, assaltos se sucediam em plena tarde na própria Avenida Paulista, mas estatísticas eram sonegadas ao público e vendidas a empresas particulares.
Antes disso, tivera participação no “massacre do Castelinho”, uma tocaia que terminou na morte de muitos marginais.
Quando estourou o caso PCC, conversei longamente com os Secretários de Administração Penitenciária Nagashi Furukawa e o da Justiça, Alexandre Moraes. Ambos os secretários diziam ser impossível uma ação eficaz contra o crime, sem a troca de informações e a ação integrada entre as três secretarias, as duas com a de Segurança. Mas as reuniões com Alckmin haviam sido suspensas devido a explosões de Saulo.
Nagashi explicava que as lideranças do crime estavam presas, mas as investigações não avançavam porque a Polícia Civil simplesmente se recusava a entrar nos presídios, devido à birra de Saulo.

O caso PCC

Conhecia Nagashi desde os anos 80, acompanhara o trabalho que desenvolvera na cadeia de Bragança, depois suas atividades nos presídios paulistas.
Era um quadro de primeiríssima, o melhor Secretário que um governador poderia ambicionar.
Quando Alckmin saiu para concorrer às eleições, o vice-governador Cláudio Lembo, certamente aconselhado pelo antecessor, decidiu exonerar Nagashi e manter Saulo. Alertei pessoalmente Lembo que estava cometendo uma loucura. Saulo era um sujeito absolutamente fora de controle, um incendiário para tomar conta de um barril de pólvora em um momento em que se exigia cabeça fria.
A visão que passaram a Lembo, no entanto, é que Saulo era o eficiente e que os problemas do PCC decorriam de erros de Nagashi. Lembo foi induzido ao maior erro politico de uma vida pública digna.

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