É hora de analisar o noticiário sombrio, quase apavorante,
que vem sendo produzido em relação à economia brasileira, pois tal noticiário
contrasta com o que mostram sucessivas pesquisas de opinião, o que seja, que, para
o povo brasileiro, o país vai muito bem, obrigado.
Houve época em que se costumava dizer que a economia ia bem,
mas o povo ia mal. Era uma época em que o noticiário exaltava políticas
públicas e a gestão macroeconômica do governo federal. Como o leitor mais
atinado com os fatos já pode imaginar, essa foi a época em que o PSDB governou
o país.
Entre 1995 e 2002, a maioria da grande imprensa, Globo à
frente, desmanchava-se em elogios ao modelo econômico e atribuía qualquer
dificuldade à oposição petista, mesmo que desastres econômicos tenham decorrido
de escolhas do governo de então, como a de manter o real sobrevalorizado.
O que exasperava o brasileiro, àquela época, era ver, o tempo
todo, uma exaltação da privataria tucana que atribuía a posse de celulares e a
maior oferta de linhas telefônicas fixas à venda indiscriminada de patrimônio
público por preços que auditorias independentes e insuspeitas garantiram ser
vis.
Sem fugir da questão atual, só lembro que a maior mineradora
do país – e uma das maiores do mundo – foi vendida por um valor que não daria
para construir meia dúzia de estádios de futebol ou uma grande rodovia. E o
pior: com o tesouro brasileiro financiando a compra por grupos estrangeiros.
No ano em que o candidato de Fernando Henrique à própria
sucessão foi derrotado por Lula, a tal frase de que a economia ia bem, mas o
povo ia mal, resumia o que estava levando os brasileiros a ignorarem a
preferência escancarada da grande imprensa por José Serra.
Naquele momento, a maioria eleitoral – que, dali em diante,
reelegeria e re-reelegeria o PT para governar o país – mandava um recado às
elites: finalmente o brasileiro descobrira que não podia seguir cegamente o que
lhe ditavam jornais, revistas, rádios e televisões.
Essa percepção se acentuou nos anos seguintes, pois desde o
primeiro dia do governo Lula os prognósticos e as análises da direita midiática
sobre a gestão da economia construíram uma tese maluca: tudo que corria bem era
feito do governo anterior e tudo que corria mal, do atual.
O PT e o próprio Lula contra-atacaram com a tese da herança
maldita que FHC deixara. Que herança? O país não tinha nem um centavo de
reservas próprias em dólares – o que tinha fora emprestado pelo FMI, pelos EUA
e pelo Clube de Paris –, tinha uma dívida externa que duplicara durante os oito
anos anteriores, uma dívida interna que mais do que decuplicara, não tinha
crédito no exterior ou, quando tinha, qualquer empresário ou o governo do
Brasil pagavam taxas de juro agravadas pelo risco que representava nossa economia,
e, finalmente, o desemprego estava em dois dígitos e a inflação, idem.
A economia até que crescia após a crise cambial de 1999,
quando ficou claro para o país o preço da reeleição de FHC. Em 2002, o PIB
aumentou 2,7%, o que, comparado à previsão de cerca de 1% de crescimento neste
ano, pode ser considerado um crescimento bem melhor.
O povo estava satisfeito com a economia que a mídia dizia que
“ia bem”? Não, não estava.
Apesar de o país ter retomado o crescimento, os salários
perdiam o valor porque eram corroídos pela inflação ascendente, que, naquele
mesmo 2002, alcançara a marca de 12,53%, enquanto que o desemprego fora de
12,6%.
Como é, então, que, com crescimento baixo este ano e a
despeito do noticiário insistente que comunica ao país como a economia “vai
mal”, o povo responde, em pesquisas de opinião feitas pela própria oposição
midiática, que acha que sua vida está indo muito bem?
O conjunto de fatores que blindou a qualidade de vida do povo
brasileiro contra uma crise internacional que a mesma oposição midiática
reconhece que é a maior que a humanidade viu em quase cem anos, é muito
complexo.
Vale repisar que, enquanto o mundo rico afunda a cada dia,
com famílias sendo despejadas no outrora Olimpo da estratificação social do
planeta, a Europa, com seu desemprego desenfreado, suicídios e tudo mais que
crises econômicas geravam aqui, estamos passando por tal crise com custo social
praticamente zero, ou melhor, com evolução da condição de vida do brasileiro,
com aumento de massa salarial, forte geração de empregos, queda da inflação e,
acima de tudo, da concentração de renda.
Sim, o PIB crescerá pouco este ano, até por conta de que o
setor bancário, que tem forte peso na conta da riqueza que a nação gera, em
2012, graças a políticas do governo Dilma que contrariam o que era feito na era
FHC – quando a taxa de juros oficial chegou a cerca de 50% –, perderam forte
receita com juros, o que puxou o crescimento para baixo.
A oposição controlada pelos donos da mídia (PSDB, DEM e PPS),
bem como a própria mídia, insistem em ignorar que o objetivo de qualquer
governo é fazer a vida do povo melhorar. Ao longo dos oito anos do governo
tucano, o Brasil piorou. Os indicadores sociais de 2002 mostram o fim
melancólico do governo FHC.
Ao longo dos dez anos em que o PT governa o Brasil, aconteceu
o oposto. Desemprego, valor dos salários, inflação, concentração de renda e até
o PIB, tudo melhorou. Em relação ao crescimento, o da era petista é quase o
dobro do da era demo-tucana. Com mega crise internacional e tudo.
Os dados do social eram ignorados pela mídia e pelos tucanos
e demos na era FHC e continuam sendo ignorados hoje. Eles não entendem que o
povo quer um governo que melhore sua vida e não a de ricos empresários. Por
isso não param de perder eleições.
*
Veja, abaixo, a evolução do desemprego no Brasil entre março
de 2002 e outubro de 2012.
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