Por Altamiro Borges
Fernando Haddad nem tomou posse
na prefeitura da capital paulista e já começa a ser bombardeado. O petista não
terá paz durante sua gestão. Ele é visto como um perigo pelo PSDB, que
hegemoniza São Paulo há duas décadas. Caso faça uma boa administração, o
prefeito alavancará uma candidatura antitucana ao governo estadual em 2014 e
ainda reforçará a campanha pela reeleição de Dilma Rousseff. O editorial da
Folha de hoje, intitulado “Nada de muito novo”, indica que a artilharia da
mídia conservadora será pesada.
Crítica seletiva da mídia
“Para quem se apresentou na campanha como
‘homem novo’ que iria revolucionar a administração da cidade, o prefeito eleito
de São Paulo, Fernando Haddad (PT), ficou aquém da expectativa despertada ao
montar o secretariado de seu futuro governo... O ponto mais questionável é sem
dúvida o excesso de concessões que ele já se dispôs a fazer. Diversos partidos,
além das correntes internas do PT, foram contemplados com ao menos uma secretaria,
numa manobra que visa assegurar maioria na Câmara Municipal”, ataca o jornal.
A Folha dá uma de “pura”. Ela já
condena as alianças do novo prefeito, mas omite as “questionáveis concessões”
dos tucanos em São Paulo, que incluem os demos e outras siglas fisiológicas. O
loteamento patrocinado por Geraldo Alckmin no Palácio dos Bandeirantes é
tratado como natural; já a tentativa de garantir maioria na Câmara Municipal,
para “aprovar as grandiosas promessas de campanha”, é apresentada como crime.
Na prática, a Folha gostaria de implodir a governabilidade do futuro prefeito
para inviabilizar a sua gestão.
Risco de enchentes e tragédias
A administração da maior capital
brasileira não será nada fácil. Há inúmeros gargalos nesta metrópole das
injustiças e dos contrastes sociais. É interessante notar que nos últimos dias
a mídia demotucana publicou várias matérias sobre o risco das enchentes na
cidade. Durante a campanha eleitoral, ela pouco tratou do tema. Desta forma,
ela evitou criticar o prefeito Gilberto Kassab, aliado de José Serra, que
reduziu os investimentos nas obras de combate às enchentes. Agora, antes da
posse de Haddad, ela volta a destacar o tema.
Segundo mapeamento realizado pelo
Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), cerca de meio milhão de paulistanos
reside em áreas de risco na capital – ou seja, 5% dos habitantes da cidade não
têm a devida proteção contra tragédias causadas pelas chuvas. Na semana
passada, o jornal Estadão informou que a prefeitura só gastou 43% do total
previsto para ações contra as enchentes em 2012. Foram empenhados apenas R$
291,3 milhões do total de R$ 678,4 milhões reservados para este fim. Várias
obras nem saíram do papel.
Prova do desprezo pela vida da
gestão demotucana na capital é o atraso na manutenção da rede de drenagem. Dos
R$ 83 milhões reservados à limpeza das bocas de lobo e bueiros, foram usados
apenas R$ 2,9 milhões. Para Julio Cerqueira Cesar, ex-presidente da Agência da
Bacia do Alto Tietê, o criminoso atraso já será sentido neste verão. “O sistema
de drenagem não suporta o que costuma chover. E se isso acontecer não teremos
um verão feliz”. A culpa, evidentemente, será jogada nas costas de Fernando
Haddad.
Postado por Miro
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