segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Dez ‘incômodos’ anos


Por: Revista do Brasil

No momento em que esta edição era concluída, circulavam notas discretas a respeito de que a suposta “delação premiada” do empresário Marcos Valério, em depoimento dado em setembro a duas procuradoras da República, seria na verdade uma “delação remunerada”.
Segundo uma das versões, por um grupo de interessados em jogar lenha na fogueira na qual setores da imprensa tentam incinerar o ex-presidente Lula. Nenhum veículo deu destaque a essa hipótese. Nem os independentes. Afinal, dar manchete a versões não comprovadas como
fatos não é digno de jornalismo sério. Entretanto, foi o que algumas revistas e jornais fizeram, desde setembro, com o suposto depoimento de Valério ao Ministério Público.
A liderança de Lula sempre os incomodou. Assim como sua sólida ligação com a presidenta Dilma Rousseff e os êxitos por eles alcançados em dez anos de governo, completados neste 1º de janeiro, apesar do noticiário hostil. Nunca antes na história deste país uma liderança política e um governo apanharam tanto por tanto tempo. Mas os resultados destes dez anos rompem o cerco dos jornais e TVs e chegam à autoestima dos brasileiros.
Em dezembro, com Lula ou com Dilma, o PT era favorito a vencer a próxima eleição presidencial ainda no primeiro turno, apontavam pesquisas. Se a política com foco social matou a fome de alguns milhões de famílias numa ponta, na outra deu combustível à economia, beneficiando também os setores já integrantes da chamada classe média trabalhadora.
Entre 2006 e 2011, o PIB brasileiro cresceu a um ritmo médio anual de 5,1%, manteve-se o mercado de trabalho aquecido e o desemprego em queda. Mas um estudo da empresa de consultoria Boston Consulting Group,com dados de 150 países, constatou que o avanço social brasileiro equivale ao de um país que tivesse registrado expansão anual de 13% na economia.
A ponto de Lula e Dilma serem chamados por líderes europeus, curiosos em conhecer com profundidade a experiência brasileira. O Brasil não escapou ileso da crise, mas mostrou capacidade de recuperação. A mídia, enquanto isso, se organiza para encontrar meios de derrotar a dupla em 2014. Em vez disso, deveria refletir sobre um dado da pesquisa Datafolha, a mesma que apontou o ex-presidente e a atual presidenta como favoritos: o percentual de pessoas que não confiam “de jeito nenhum” no jornais chegou a 28% (eram 18% quatro meses antes). E já superou os 22% dos que “confiam muito”.

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