Por: Revista do Brasil
No momento em que esta edição era concluída, circulavam notas
discretas a respeito de que a suposta “delação premiada” do empresário Marcos
Valério, em depoimento dado em setembro a duas procuradoras da República, seria
na verdade uma “delação remunerada”.
Segundo uma das versões, por um grupo de interessados em
jogar lenha na fogueira na qual setores da imprensa tentam incinerar o
ex-presidente Lula. Nenhum veículo deu destaque a essa hipótese. Nem os
independentes. Afinal, dar manchete a versões não comprovadas como
fatos não é digno de jornalismo sério. Entretanto, foi o que
algumas revistas e jornais fizeram, desde setembro, com o suposto depoimento de
Valério ao Ministério Público.
A liderança de Lula sempre os incomodou. Assim como sua
sólida ligação com a presidenta Dilma Rousseff e os êxitos por eles alcançados
em dez anos de governo, completados neste 1º de janeiro, apesar do noticiário
hostil. Nunca antes na história deste país uma liderança política e um governo
apanharam tanto por tanto tempo. Mas os resultados destes dez anos rompem o
cerco dos jornais e TVs e chegam à autoestima dos brasileiros.
Em dezembro, com Lula ou com Dilma, o PT era favorito a
vencer a próxima eleição presidencial ainda no primeiro turno, apontavam
pesquisas. Se a política com foco social matou a fome de alguns milhões de
famílias numa ponta, na outra deu combustível à economia, beneficiando também
os setores já integrantes da chamada classe média trabalhadora.
Entre 2006 e 2011, o PIB brasileiro cresceu a um ritmo médio
anual de 5,1%, manteve-se o mercado de trabalho aquecido e o desemprego em
queda. Mas um estudo da empresa de consultoria Boston Consulting Group,com
dados de 150 países, constatou que o avanço social brasileiro equivale ao de um
país que tivesse registrado expansão anual de 13% na economia.
A ponto de Lula e Dilma serem chamados por líderes europeus,
curiosos em conhecer com profundidade a experiência brasileira. O Brasil não
escapou ileso da crise, mas mostrou capacidade de recuperação. A mídia,
enquanto isso, se organiza para encontrar meios de derrotar a dupla em 2014. Em
vez disso, deveria refletir sobre um dado da pesquisa Datafolha, a mesma que
apontou o ex-presidente e a atual presidenta como favoritos: o percentual de
pessoas que não confiam “de jeito nenhum” no jornais chegou a 28% (eram 18%
quatro meses antes). E já superou os 22% dos que “confiam muito”.
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