Em 26 de abril de 1937, aviões da Legião Condor, da Alemanha
Nazista, com o apoio da aviação italiana, a serviço de Franco, bombardearam
Guernica, a capital milenar do povo basco, matando centenas de civis e ferindo
outras centenas. Esse ato contra um povo desarmado, em dia de feira, se tornou
o símbolo da brutalidade dos nazistas e franquistas, mas não foi a primeira,
nem a última agressão ao povo basco. Causou uma revolta mundial, pelo fato de
que Guernica é a capital milenar e mítica do povo basco, onde se encontra a
árvore de carvalho, que renasce de suas próprias sementes, e sob cuja sombra os
chefes bascos se reuniam ao longo dos séculos.
Menos de um mês antes, em 31 de março, a Legião Condor já
havia bombardeado a bela cidade basca de Durango, com a morte de 294 civis.
Mais tarde, outras cidades espanholas foram atacadas pela aviação, com a
chacina da população inerme. Havia dois objetivos nesses ataques: o treinamento
de aviões para bombardeios concentrados em áreas urbanas, e a disseminação do
terror nas zonas em que os republicanos resistiam. Os nazistas e franquistas
que promoveram essa matança não são considerados hoje terroristas. Eram
combatentes por uma causa, a causa do anticomunismo e do anti-semitismo. A
causa de Hitler, Goebbels, Mussolini e dos quatro generais (Franco, Sanjurjo,
Mola e Queipo de Llano), que se reuniram para invadir a Espanha com tropas de
suas colônias do norte da África, e iniciar a cruzada católica e nazista contra
a soberania republicana.
A história do grande povo basco, que ocupa os Montes Pirineus, suas
encostas e sopés, na Espanha e na França,
e no litoral do Golfo de Biscaia, é
um dos enigmas históricos da Europa. Quando os romanos chegaram à
região, já os encontraram. Resistiram bravamente contra as legiões e os outros
invasores - godos, visigodos, gauleses e francos.
Se há um povo que tem todo o direito histórico, étnico e
cultural à plena independência, é o de Euzkadi, o lendário país dos bascos. É
certo que uma de suas regiões, a de Navarra, por ter sido sede de um reino
cristão, não é tão afirmativa na busca da plena soberania quanto as outras
regiões. A causa da independência do País Basco tem apoio, como demonstra a
presença, há apenas alguns dias, de milhares de manifestantes, em Bilbao, para
pedir que os prisioneiros do ETA presos em outras regiões da Espanha sejam repatriados para o território basco
(foto).
Ao contrário de como foi apressadamente classificado pelo representante da Polícia
Federal que se manifestou sobre a sua captura no Brasil, o ativista do ETA
preso no Rio é um patriota, não um terrorista. Ele foi combatente contra um
estado ocupante que usou durante anos grupos terroristas para-oficiais e da
extrema-direita, que usaram os mesmos métodos violentos contra os independentistas,
e sequer foi condenado pela justiça espanhola por isso, até agora.
Joseba Vizán é, a
partir de sua detenção, a ser explicada
pela Polícia Federal - que acompanhou agentes da Polícia Espanhola em sua
captura, aparentemente sem conhecimento
prévio do Ministério da Justiça, do Itamaraty, ou do Judiciário - um prisioneiro político sob a custódia do
Estado Brasileiro, que passou a ser responsável pela sua segurança.
Como ele não foi oficialmente requerido pela Espanha, no
Brasil, onde é réu primário, ele só pode ser acusado de falsidade ideológica.
Aconteça o que acontecer, só o STF pode autorizar a extradição do militante
basco, e só a Presidente da República pode, ou não, ordená-la.
Nenhum comentário:
Postar um comentário