Do Blog do Zé Dirceu
Não pode haver ninguém, nem nenhuma atividade que se
desenvolva em nosso país, que esteja acima da lei. Este preceito simples e
básico da democracia corria o risco de ser deixado de lado no caso da invasão
da minha privacidade por um repórter da revista VEJA, quando eu mantinha meu
escritório político no Hotel Noum, em Brasília.
Vocês devem se lembrar, já tratei da questão inúmeras vezes
aqui no blog. Segundo noticia corretamente a Carta Capital que está hoje nas
bancas, em reportagem de Leandro Fortes, na quarta-feira desta semana (11) foi
instaurado um inquérito policial na 5ª Delegacia de Polícia Civil do Distrito
Federal para investigar o roubo de imagens feitas por câmeras de segurança de
parlamentares e autoridades nos corredores do Hotel Naoum.
Coisas estranhas e inexplicáveis aconteceram com o processo
por invasão de privacidade que corria em Brasília contra o repórter da Veja. O
delegado Edson Medina de Oliveira, que presidiu o inquérito e indiciou o
repórter Gustavo Ribeiro, recomendando ainda ao Ministério Público Distrital
que seguisse com o processo na Justiça, foi intempestivamente e sem qualquer
explicação afastado da 5ª DP. Em 19 de dezembro do ano passado, o promotor Bruno
Osmar Freitas pediu o arquivamento do caso “com base em um argumento confuso”,
escreve Fortes.
Pouco mais de um mês depois, em 24 de janeiro de 2012, o juiz
Raimundo Silvino da Costa Neto acatou o pedido do promoter e o caso foi
encerrado. Assim, não teria havido o crime de invasão de privacidade porque o
repórter, denunciado por uma camareira do hotel, acabou fugindo pela escada do
hotel, antes de ser pego pelos seguranças, colocados em seu encalço pelo
gerente Rogério Tonatto. Estranho argumento.
Roubo das imagens
Agora, o novo inquérito trata de outra coisa: o roubo das
imagens das pessoas entrando e saindo do meu escritório no Hotel Naoum. Segundo
áudios da Operação Monte Carlo citados por Leandro Fortes, houve negociações
entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira, arapongas que prestavam serviço a ele e o
diretor da Veja em Brasília, Policarpo Júnior, para que as imagens captadas
pelas câmaras do sistema de segurança do Hotel pudessem ser utilizadas pela
reportagem que a revista publicou sobre minhas atividades na semana seguinte à
tentativa de invasão do meu escritório.
Há vários lances na história que merecem ser conhecidos e
para isso recomendo a leitura da reportagem “A tramoia do Naoum”, na Carta
Capital desta semana. O que é importante ressaltar é a dificuldade para se
levar ao devido termo um processo contra a revista em questão e um de seus
repórteres, mesmo que o inquérito tenha sido feito e que os fatos tenham sido
devidamente documentados, ficando evidente a tentativa da realização do crime, com
autoria conhecida e tudo. Espero que este novo inquérito vá até o fim,
revelando outro aspecto das atividades criminosas da revista e resultando na
punição dos envolvidos, pois é evidente que houve o crime pois as imagens
efetivamente foram publicadas pela revista.
E que o inquérito lance luz sobre o funcionamento da “teia de
relações entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e a revista Veja”, como escreve
Leandro no início da reportagem.
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