Na última quinta-feira, 5, o PT registrou as candidaturas de
João Paulo Cunha à prefeitura de Osasco e Jorge Lapas vice. Após o evento, João
Paulo concedeu entrevista coletiva à imprensa e, dentre os assuntos abordados,
o petista falou que seria interessante ter um vice de outro partido porque
complementaria a chapa, mas está "absolutamente satisfeito" com a
indicação de Lapas. Ele ressaltou que as pesquisas de intenção de votos
interessam, orientam e ajudam a organizar a campanha, mas não são definitivas e
ainda adiantou que o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma Rousseff em algum
momento estarão em Osasco para manifestarem o apoio à sua candidatura. Confira
abaixo a entrevista na íntegra. As três últimas respostas foram concedidas ao
Diário da Região, no dia 30 de junho, durante a convenção do PT.
Diário: Aparentemente
teremos seis candidaturas à prefeitura da cidade: PT, PTB, PSDB,
PMN, PSD e PSOL. Quais deles teriam mais chances de vir para essa composição em um segundo turno?
João Paulo: Ainda é
muito cedo para avaliar um segundo turno. A campanha não começou ainda e não
sabemos direito como será o comportamento dos eleitores e das forças políticas
da cidade. Mas temos uma primeira indagação: haverá segundo turno? Claro que ao
sinalizarmos que queremos fazer uma campanha de paz, uma campanha discutindo os
problemas da cidade, nós estamos também jogando as pontes para os partidos
discutirem isso já no primeiro turno. Mas como vão se aliar temos que aguardar
um pouco mais.
Diário: A presença do
Osvaldo Vergínio na convenção do PT indica alguma aproximação para um possível
segundo turno?
João Paulo: Foi o
prefeito Emidio quem fez o convite para o Osvaldo ir à convenção e ele aceitou.
Ele é da base do governo e nós o recepcionamos como um convidado deve ser
recepcionado em nossa casa. Ele será sempre bem recebido em nossas atividades.
Diário: O que o senhor
acredita ser crucial para levá-lo a um segundo turno?
João Paulo: O que é
crucial para ganhar a eleição. É uma composição de coisas. É o apoio do
prefeito Emidio; a boa gestão que ele fez durante esses sete anos e meio; é o
apoio do ex-presidente Lula (PT) e da presidente Dilma [Roussef - PT]; é o
conjunto dos partidos aliados em torno desse programa Osasco Unida com a Força
do Povo; é o conhecimento que temos na cidade. Esses conjuntos de ações é que
levam à expectativa de que vamos ganhar as eleições.
Diário: Até que ponto o
PT tentou tirar a vontade de Osvaldo Vergínio sair candidato a prefeito?
João Paulo: Desde o
começo nós queríamos o PSD e até hoje. Se puder vamos ligar para o Osvaldo
Vergínio e Lau Alencar dizendo que gostaríamos de tê-los em nossa coligação. O
mesmo vale para o Délbio Teruel (PTB), para o Reinaldo Mota (PMN). São pessoas
que, em muitos momentos, nós trabalhamos juntos e ficaríamos muito satisfeitos
se eles viessem já no primeiro turno.
Diário: Temos três
partidos saindo com chapa pura: PT, PSDB e PSD. Com isso, como o
senhor analisa esse cenário político?
João Paulo: A
composição da chapa vai muito das circunstâncias, por exemplo, gostaríamos
muito que o nosso vice fosse de outro partido porque complementaria, mas o fato
de ser nosso companheiro Jorge Lapas não tira essa qualidade. O Jorge é nascido
em Osasco, tem relação com setores importantes e uma interação muito forte com
praticamente todos os partidos. Ele vem agregar à chapa majoritária alguns
valores. O Jorge tem qualidades que complementa as qualidades que tenho e vai
ajudar demais porque ele carrega na memória os sete anos e meio de governo do
nosso prefeito Emidio, ou seja, qualquer momento ele pode ajudar dizendo aquilo
que não conseguimos fazer, o porquê não conseguimos e mostrando o que fizemos.
E, ao mesmo tempo, apontando também coisas que precisamos fazer. Então essas
qualidades do Jorge o indicou como vice.
Diário: O senhor ficou
satisfeito com a chapa pura e indicação de Jorge Lapas?
João Paulo: Estou
absolutamente satisfeito e muito satisfeito. Ele tem dado mostras que pode
ajudar demais na campanha e, se Deus quiser, depois na administração.
Diário: Gostaria que o
senhor comentasse a última pesquisa do Ibope.
João Paulo: A pesquisa
serve mais para você se orientar. A pesquisa estimulada é muito mais lembrança
de nome do que qualquer indicativo de resultado. Como estamos longe das
eleições o que vale agora são as pesquisas espontâneas e qualitativas. Essa do
Ibope pode ter um valor. Foi uma pesquisa feita só com 400 questionários, com
uma margem de erro de 5%. É uma margem muito vulnerável porque se um candidato
tem 20% e o outro tem 10% eles podem estar empatados com 15%. Gosto muito de
pesquisa, mas precisamos tomar cuidado. Nem sempre é a primeira leitura a que
vale. Já a enquete não tem valor científico. Vale para você saber uma opinião,
mas respeito. O tempo mostra a verdade. O que terá que ser será. Não adianta
querer precipitar algo que está um pouco adiante. A pesquisa interessa,
orienta, ajuda a organizar a campanha, mas não é definitivo em nada.
Diário: O Lula e Dilma
vêm para Osasco durante a campanha?
João Paulo: Os dois já
manifestaram apoio. Agora é questão de aceitar. O Lula tem um problema de saúde
que estamos acompanhando com muito cuidado. A presidenta Dilma tem uma posição
relativamente afastada do processo eleitoral, mas ela pode vir aqui inaugurar
um benefício qualquer de seu governo e, através dessa vinda, manifestar o apoio
à candidatura. Acho que vamos ter a oportunidade nesses três meses de ter a
presença dos dois aqui.
Diário: Como o senhor
vai conseguir conciliar o trabalho como deputado em Brasília e a campanha em
Osasco?
João Paulo: Semana que
vem é a última em Brasília. Depois entra em recesso. Em agosto e setembro
faremos uma agenda moderada com tempos curtos em Brasília. Se isso for
confirmado não será necessário tirar licença, mas se for preciso posso me
licenciar sem qualquer problema para me dedicar exclusivamente à campanha.
Vamos analisar se haverá implicação ou não.
Diário: Como que o
julgamento do processo do Mensalão vai impactar nessa campanha e a partir de qual
momento isso começará a ser debatido na cidade?
João Paulo: O fato do
julgamento do Mensalão ser realizado em agosto será enfrentado como qualquer
julgamento, com a diferença que terá uma implicação política muito grande. Como
sou o único réu candidato dentre os 38 é evidente que pode ter um olhar
acentuado na disputa da cidade, mas do jeito que for pautado vamos discutir e
debater. Não há nenhum receio de fazer esse debate. Estou bastante tranquilo
sobre o resultado e se for, de fato, julgado e proclamado o resultado só espero
que seja mais um elemento naquilo que é essencial para ganhar as eleições. Eu
não tenho que me preocupar muito com essa situação porque eu sou réu, respondo
pelos crimes que são imputados a mim, tenho advogado constituído, tenho a
consciência tranquila e seguro que estamos fazendo a melhor defesa porque
estamos com a verdade combatendo aquilo que não é verdade. Estou sossegado e
não fico muito apreensivo com isso. Tenho plena confiança no Supremo. Acho que
o Supremo é composto de juízes sérios e com muita experiência que não se
deixarão, com certeza, se contaminarem por campanhas que vão tentar fazer.
Diário: Quando dizem
que essa será uma campanha de paz vocês estão preparados para uma guerra?
João Paulo: Não vamos
fazer uma campanha com ódio. Vamos fazer uma campanha com amor. Não faremos uma
campanha com guerra, faremos uma campanha com paz. Não faremos campanha com
calúnia e mentira, vamos fazer com a verdade. Eu sou muito calmo, mas eu também
reajo. Do nosso lado não sairá uma flecha contra ninguém, mas, se uma flecha
for atirada teremos que nos resguardar para que ela não fira ninguém. Não vamos
ficar calados e imunes às calúnias que forem lançadas. Vamos ter pulso e
firmeza para responder isso. Espero que não seja necessário. Quem nasce na
periferia e mora em Osasco há 40 anos sabe um pouquinho responder aos ataques.
O que não quero para os outros eu não quero para mim. Essa será a base. Com
esse time nós vamos fazer com uma Osasco unida, com a força do povo, uma
vitória significativa no dia 7.
Diário: Qual foi o
segredo para conseguir reunir 20 partidos nessa aliança? É a maior coligação na
história de Osasco.
João Paulo: É uma
combinação de razões. A primeira é uma razão política, de confiança no projeto.
Na realidade, circunstancialmente, eu represento o projeto, mas poderia ser
qualquer outro companheiro nesse momento. A segunda coisa é também paciência.
Paciência de conversar; dialogar; procurar sugestões e propostas. E a terceira
é sinalizar para um novo tempo que chega em Osasco.
Diário: O que seria
esse novo tempo?
João Paulo: Esse novo
tempo é continuação do prefeito Emidio [de Souza], mas ao mesmo tempo são
mudanças necessárias. Os partidos compreenderam isso e se juntaram em torno da
união de Osasco.
Diário: Conhecendo os
adversários qual é a leitura que o senhor faz da disputa?
João Paulo: Não vou me
preocupar muito com adversários. A decisão nossa é não falar mal de ninguém.
Quem tiver programa bom, independente do partido, deve ser incorporado pelo
vencedor. Essa é a minha ideia. Eu vou disputar com muito respeito, mas ao
mesmo tempo com muita disposição.
Entrevista publicada pelo jornal Diário da Região, no sábado,
7 de julho.
http://www.joaopaulo.org.br/eleicoes-2012/4475-leia-entrevista-de-joao-paulo-publicada-pelo-jornal-diario-da-regiao
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