Nada decepciona mais nesse partido da Marina Silva do que a
negação da luta política dos mais fracos e da pregação ao conformismo submisso
aos mais fortes.
É a "utopia sonhática" do Itaú, da Globo, do
bilionário neoliberal dono da Natura. É a sustentabilidade reacionária e
conservadora. Os bilionários mandam, eles são os "sábios"
conselheiros, orientadores e ideólogos de um hipotético governo, cuja REDE
Marina se encarregaria de manter conectados os brasileiros, obedientes à ordem
dominadora moldada por eles. Todos conformados, igual aos dominados no filme
Matrix. Semelhante aos primeiros 502 anos da história do Brasil.
Cito o banco Itaú, especificamente, porque uma das principais
caciques do partido de Marina é Maria Alice Setúbal, herdeira e acionista do
império Itaú. Segundo o "site" na internet, sua função no partido é
"mobilização de recursos".
Não deixa de ser curioso que os recursos mobilizados são
laranja, a cor de fundo usada nas placas e propagandas do Banco Itaú.
Irresistível não comparar com a dominação de Matrix, quando
vemos a foto de militantes enfileirados para serem credenciados em guichês com
placas laranjas (foto acima), por atendentes uniformizadas de blazer preto com
camisa laranja (a cor do Itaú, de novo). Parece que as atendentes estão
plugando um a um à dominação da Matrix do Itaú.
Muito além da comparação com o filme, o mais grave é querer
esvaziar a luta política como instrumento dos cidadãos conquistarem melhorias
de vida.
O discurso de Marina é recheado de frases de efeito sempre
puxando para um suposto "novo jeito de fazer política", "acima
da esquerda e direita", "não é oposição, nem situação",
"resgatar a ética", "não tem movimentos sociais por trás",
"não fuma, nem bebe" e blá-blá-blá para ser politicamente correto,
agradar a todos e não desagradar ninguém. Luta política que é bom, e que obriga
a escolher lado, nada.
É o discurso que a Globo e o Itaú gostam. É discurso da
desconstrução e criminalização da luta política que bate de frente com seus
interesses.
É o discurso que busca dominar a chamada nova classe média,
buscando convencê-la a se desiludir com a luta política que a levou a
conquistar o que tem, e votar alienada, igual vota no paredão do BBB, em quem
acha mais bonzinho, mais simpático, mais bonitinho. Na luta política, do jeito
que está, a Globo sabe que não vence mais, então o negócio é esvaziá-la. E que
tristeza ver Marina Silva fazendo esse serviço.
A REDE Matrix da
Marina está mandando às favas a luta política do enfrentamento contra a má
distribuição de riquezas e injustiça social.
O Banco Itaú fica mais "sustentável" quando a
clientela faz tudo pela internet e deixa de ir na agência, deixa de imprimir
papel. Mas esse ganho de produtividade, esvaziando as agências, o banco não
compartilha com seus trabalhadores, mandando-os para o olho da rua, mesmo com
lucros estratosféricos.
A boa luta política é brigar por leis que reduzam a jornada
de trabalho em vez de demitir, se a empresa teve ganho de produtividade e tem
lucros suficientes para manter a mão de obra. Ou pelo menos, quem pode mais e
desemprega só para lucrar mais, tem que pagar mais impostos necessários a gerar
novos empregos.
De nada adianta abraçar árvores, financiar ONG's, se a
empresa joga pessoas no desemprego só para aumentar mais ainda os lucros de
acionistas. Esse egoísmo é uma forma de poluir a qualidade de vida na
sociedade, com o empobrecimento de pessoas, a desestruturação de lares, de
famílias, que o desemprego provoca, muitas vezes. E para acabar com esse
egoísmo é preciso luta política. Os partidos políticos são os instrumentos
desta luta para mudar leis.
A grande luta política no Brasil ainda é o combate à
desigualdade para elevar brasileiros pobres para um padrão de vida de classe
média. E essa REDE Matrix de bilionários em torno da Marina tem uma agenda
pragmática oposta, como, por exemplo, lutam para pagar menos impostos, mesmo
com lucros exorbitantes; condenam verbas para programas sociais; pregam arrocho
de salários e aposentadorias para ter mais lucros se pagarem alíquotas menores
para manter a Previdência; pregam cortar direitos trabalhistas para poder
demitir mais fácil e mais barato. Pregam a privatização e redução de serviços
públicos, essenciais para quem não tem condições de pagar.
É luta contra tubarões, que enfrentamos e que produz baixas
do nosso lado. Novidade na política é concluir o ciclo dessa luta e
conscientizar aqueles que estão plugados na Matrix de dominação da Globo e do
Itaú a se libertarem das amarras.
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