A presidente Dilma Rousseff volta nesta Quarta-feira de
Cinzas para Brasília, depois de passar o Carnaval numa praia isolada da Marinha
em Salvador, com uma prioridade na cabeça: votar até abril a destinação dos
royalties do pré-sal para a Educação.
O projeto do governo, que já está no Congresso Nacional, caso
seja aprovado, pode acabar com a guerra entre os Estados produtores e
não-produtores de petróleo e certamente será transformado numa das principais
bandeiras de Dilma na campanha pela reeleição. Afinal, investir em Educação de
qualidade é a grande prioridade nacional, e não só da presidente.
Como todo ano no Brasil só começa para valer na segunda-feira
após o Carnaval, a presidente poderá ter logo no dia seguinte, na votação do
orçamento, uma ideia de como ficou sua base aliada após a eleição dos novos
presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Henrique Alves, que
aumentou o cacife do PMDB.
Até hoje de manhã, os articuladores políticos do governo não
estavam preocupados com a votação em si do orçamento, que consideram tranquila,
quase uma obrigação do Congresso, mas com a reação dos parlamentares diante da
liberação de verbas para as suas emendas, que deve acontecer logo, embora com
valores inferiores aos que eles gostariam de receber.
Se resolver a questão dos royalties do petróleo,
transformando o limão em limonada, é o grande objetivo do governo no campo
político, na economia o desafio não é menor: fazer o PIB crescer em torno de
3,5% e não deixar a inflação subir. No primeiro trimestre, o índice da inflação
pode passar dos 6%, o que é preocupante, mas há indicações de que as coisas
devem melhorar a partir de abril.
"Já está havendo uma reação da economia. Teremos uma
super safra agrícola e outros índices que estão chegando também mostram um
quadro favorável", me disse um dos interlocutores da presidente Dilma.
O que certamente não será do agrado dela ao voltar à sua mesa
no Palácio do Planalto é a informação divulgada hoje pelo jornal "O
Globo" dando conta de que o governador pernambucano Eduardo Campos
comunicará ao ex-presidente Lula, num próximo encontro que os dois estão
agendando, sua decisão de não aceitar a vaga de vice de Dilma e de concorrer
ele próprio à Presidência da República em 2014.
Caso se confirme esta posição de Campos, o que levaria o PSB
a deixar a base aliada da presidente, muda bastante o cenário da sucessão
presidencial. Enquanto o tucano Aécio Neves faz de conta que a corrida
sucessária não é com ele e Marina Silva corre atrás de um partido para chamar
de seu, mais do que nunca Dilma precisará do PMDB, além de ter que segurar os
partidos menores em sua base aliada.
Por isso mesmo,ela tem dedicado parte do seu tempo a
conversar com líderes partidários, do PR ao PDT, como começou a fazer antes do
Carnaval, e deverá intensificar durante a Quaresma. A grande dificuldade de
Eduardo Campos será exatamente encontrar aliados capazes de montar palanques
fortes que carreguem seu sonho presidencial para além do Nordeste.
Como sempre, a fidelidade ou a pulada de cerca dependerão dos
números da economia. E é no ano que começa na próxima semana que se decidirá
quem ficará com quem na sucessão presidencial.
Todos sabem disso.
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