Posted by eduguim
A aceitação pelo Senado
de petição do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) propondo investigação
pelo Tribunal de Contas da União (TCU) de licitação da Procuradoria Geral da
República para aquisição de 1.226 tabletes cujas especificações técnicas
constantes no edital induzem, em oposição à Lei de Licitações, à exigibilidade
da marca Apple e do modelo Ipad, pode produzir um resultado surpreendente em
caso de tal investigação se mostrar séria.
O Blog consultou mais
de um especialista em informática e todos garantem que a escolha do produto
mais caro, como é o tablete da Apple com “tela retina” e outras
funcionalidades, só se justifica se o equipamento se destinar ao lazer, como
para assistir a filmes ou para brincar com videogames, que requerem alta
capacidade gráfica.
Mas, mesmo que assim
fosse, mais de um conhecedor de tabletes disse que haveria escolhas melhores,
como, por exemplo, o Nexus 10, modelo da Google, que, aliás, custa mais barato.
Este, se o problema for a qualidade da tela, teria resolução de 300 pixels
contra 260 do modelo da Apple. E capacidade de processamento análoga.
Essa não é a única
alternativa possível, mas a relação custo-benefício do tablete da Google parece
ser melhor do que a do equivalente da Apple, segundo os especialistas
consultados, que garantem que para empresas, escritórios de advocacia, enfim,
para organizações análogas ao MP que teriam uso para tal equipamento, a escolha
dificilmente seria a do Ipad, que qualificam como “grife”, “objeto de desejo de
consumo” e outras.
A compra da PGR, assim,
segundo as fontes consultadas só faz sentido se quem a fizer não se importar
com o custo e, sim, com aspectos irrelevantes para uso profissional.
A diferença de preço
talvez não seja tão grande, mas equipamento similar ao que a PGR quer comprar,
mas de outra marca, custaria cerca de 400 reais a menos por peça. A licitação
tem valor declarado de R$ 2.940.990, 10 para aquisição de 1226 máquinas da Apple
a um preço unitário de R$ 2.398,85. A tal máquina Nexus 10, modelo da Google,
custaria 400 reais a menos.
Observação: não posso
garantir que esse equipamento seja tudo que me foi dito, creio que é necessário
verificar mais a fundo, mas as informações iniciais dão conta de que há outras
opções melhores que o Ipad pela relação custo-benefício.
Pode-se especular,
assim, que um equipamento que atenderia às necessidades do MP poderia ser
comprado até pela metade dos três milhões de reais que a compra proposta pela
PGR custará aos cofres públicos. Resta saber, porém, a justificativa para tal
compra. De repente pode surgir uma, ainda que esteja demorando…
É claro que esta é
apenas uma desconfiança inicial que levou o Senado a aceitar o pedido
de investigação sobre se há necessidade de a PGR adquirir exatamente essa
máquina da Apple, até porque aqueles mesmos especialistas dizem duvidar de que
a Instituição Republicana necessite de equipamento tão sofisticado e que,
possivelmente, terá suas maiores funcionalidades desperdiçadas por eventual
ausência de necessidade.
Não será muito difícil,
portanto, descobrir se o polêmico Tribunal de Contas da União, que nos últimos
anos vem se mostrando tão rigoroso com os Poderes Executivo e Legislativo, será
igualmente zeloso dos recursos públicos em relação ao uso deles pelo Ministério
Público do Brasil. Qualquer especialista renomado em informática poderá
confirmar ou não a necessidade de essa licitação ter sido tão obviamente
direcionada pelo procurador-geral da República.
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