terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Sociedade precisa rever papel da mulher para aumentar participação na política, diz ministra



Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil

Homens precisam dividir as responsabilidades sobre as tarefas domésticas para que as mulheres possam ter mais participação na política, disse hoje (22) a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) da Presidência da República, Eleonora Menicucci, durante encontro com prefeitas e vice-prefeitas do Rio de Janeiro, para comemorar os 81 anos do voto feminino.
 “É fundamental mudar a cultura da divisão sexual do trabalho dentro de casa. E trabalho doméstico não é só lavar, passar e cozinhar, mas também ter a responsabilidade pelos filhos. As mulheres mais pobres são as mais penalizadas. Elas podem participar da associação de bairro, mas na hora em que resolvem assumir um compromisso partidário, não têm com quem deixar as crianças”, disse a ministra.
 “O homem vai para o Parlamento e tem certeza de que a casa está funcionando, os filhos estão na escola. As mulheres que vão para o Parlamento, em Brasília, por exemplo, e largam tudo”, destacou.
Segundo a ministra, as crianças precisam aprender desde cedo que as tarefas domésticas devem ser compartilhadas. “Isso só se muda com educação. No ensino básico, a criança ouvindo na escola que a mãe dela pode ocupar um cargo político ou aprendendo que tem que lavar a cuequinha. Ele, seguramentes será um homem que lavará sua cueca e ajudará em casa. Simbolicamente é isso. Mas essa cultura já está mudando”, disse.
Eleonora voltou a defender uma reforma eleitoral que privilegie a participação das mulheres na política, com listas partidárias que tenham o mesmo número de candidatos homens e mulheres e com o financiamento público de campanhas. Segundo a ministra, com o atual modelo de financiamento de campanhas, centrado em doadores privados, homens costumam receber mais dinheiro que mulheres.
Atual prefeita de Paty do Alferes, Lúcia Fonseca já havia chefiado o Poder Executivo do município em duas outras ocasiões, entre 2001 e 2008. Aos 54 anos, Lúcia, que já foi professora, acredita que a participação das mulheres na política tem crescido, mas que ainda falta “coragem” para que muitas encarem esse desafio.
 “As mulheres admiram a gente, que já ocupou um espaço, mas ainda falta um pouco de coragem. Algumas, talvez por submissão ou porque o marido já está na política. Mas elas estão chegando. A eleição [da presidenta] Dilma [a primeira mulher a ocupar a Presidência do Brasil] foi um marco. A chegada dela vai preceder a de muitas. Nós [mulheres] mostramos que temos capacidade de ocupar qualquer cargo, seja na Presidência, nos estados ou nos municípios”, disse a prefeita.
Hoje deputada federal, Benedita da Silva foi a primeira mulher a ocupar o cargo de governadora do estado do Rio de Janeiro. “Ainda estamos aquém da nossa proporcionalidade, já que mais da metade da população é formada por mulheres. Mas o Brasil vem tendo avanços significativos na última década, que são demonstrados por mulheres que assumem cargos nos poderes Legislativo, Judiciário e Executivo. E o crescimento de nossa participação tem se dado por competência, por luta e por conquistas”, disse Benedita.
Ela ficou à frente do governo fluminense por oito meses em 2002 e foi sucedida por outra mulher, Rosinha Garotinho, que foi governadora entre 2003 e 2006 e atualmente é prefeita de Campos dos Goytacazes, no norte do estado.
Dos 15.076 candidatos a prefeito do país em 2012, apenas 2.017 (ou seja, 13%) eram mulheres. Entre os eleitos, o percentual é ligeiramente menor (12%), já que dos 5.549 dos prefeitos eleitos, 657 são do sexo feminino.
Na eleição para vereador, a participação da mulher foi muito maior: 133 mil ou 32% do total de candidatos. Mas entre os eleitos para as câmaras municipais, apenas 7,6 mil, ou 13% dos 57,3 mil vereadores, são mulheres.

Edição: Lílian Beraldo

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