Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil
Homens precisam dividir as responsabilidades sobre as tarefas
domésticas para que as mulheres possam ter mais participação na política, disse
hoje (22) a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) da
Presidência da República, Eleonora Menicucci, durante encontro com prefeitas e
vice-prefeitas do Rio de Janeiro, para comemorar os 81 anos do voto feminino.
“É fundamental mudar a
cultura da divisão sexual do trabalho dentro de casa. E trabalho doméstico não
é só lavar, passar e cozinhar, mas também ter a responsabilidade pelos filhos.
As mulheres mais pobres são as mais penalizadas. Elas podem participar da associação
de bairro, mas na hora em que resolvem assumir um compromisso partidário, não
têm com quem deixar as crianças”, disse a ministra.
“O homem vai para o
Parlamento e tem certeza de que a casa está funcionando, os filhos estão na
escola. As mulheres que vão para o Parlamento, em Brasília, por exemplo, e
largam tudo”, destacou.
Segundo a ministra, as crianças precisam aprender desde cedo
que as tarefas domésticas devem ser compartilhadas. “Isso só se muda com
educação. No ensino básico, a criança ouvindo na escola que a mãe dela pode
ocupar um cargo político ou aprendendo que tem que lavar a cuequinha. Ele,
seguramentes será um homem que lavará sua cueca e ajudará em casa.
Simbolicamente é isso. Mas essa cultura já está mudando”, disse.
Eleonora voltou a defender uma reforma eleitoral que
privilegie a participação das mulheres na política, com listas partidárias que
tenham o mesmo número de candidatos homens e mulheres e com o financiamento
público de campanhas. Segundo a ministra, com o atual modelo de financiamento
de campanhas, centrado em doadores privados, homens costumam receber mais
dinheiro que mulheres.
Atual prefeita de Paty do Alferes, Lúcia Fonseca já havia
chefiado o Poder Executivo do município em duas outras ocasiões, entre 2001 e
2008. Aos 54 anos, Lúcia, que já foi professora, acredita que a participação
das mulheres na política tem crescido, mas que ainda falta “coragem” para que
muitas encarem esse desafio.
“As mulheres admiram a
gente, que já ocupou um espaço, mas ainda falta um pouco de coragem. Algumas,
talvez por submissão ou porque o marido já está na política. Mas elas estão
chegando. A eleição [da presidenta] Dilma [a primeira mulher a ocupar a
Presidência do Brasil] foi um marco. A chegada dela vai preceder a de muitas.
Nós [mulheres] mostramos que temos capacidade de ocupar qualquer cargo, seja na
Presidência, nos estados ou nos municípios”, disse a prefeita.
Hoje deputada federal, Benedita da Silva foi a primeira
mulher a ocupar o cargo de governadora do estado do Rio de Janeiro. “Ainda
estamos aquém da nossa proporcionalidade, já que mais da metade da população é
formada por mulheres. Mas o Brasil vem tendo avanços significativos na última
década, que são demonstrados por mulheres que assumem cargos nos poderes
Legislativo, Judiciário e Executivo. E o crescimento de nossa participação tem
se dado por competência, por luta e por conquistas”, disse Benedita.
Ela ficou à frente do governo fluminense por oito meses em
2002 e foi sucedida por outra mulher, Rosinha Garotinho, que foi governadora
entre 2003 e 2006 e atualmente é prefeita de Campos dos Goytacazes, no norte do
estado.
Dos 15.076 candidatos a prefeito do país em 2012, apenas
2.017 (ou seja, 13%) eram mulheres. Entre os eleitos, o percentual é
ligeiramente menor (12%), já que dos 5.549 dos prefeitos eleitos, 657 são do
sexo feminino.
Na eleição para vereador, a participação da mulher foi muito
maior: 133 mil ou 32% do total de candidatos. Mas entre os eleitos para as
câmaras municipais, apenas 7,6 mil, ou 13% dos 57,3 mil vereadores, são
mulheres.
Edição: Lílian Beraldo
Nenhum comentário:
Postar um comentário