Cinqüenta e quatro países – mais de um quarto dos membros das
Nações Unidas – ajudaram os Estados Unidos a seqüestrar cidadãos no mundo
inteiro (entre eles, alguns nascidos em seus próprios territórios), confina-los
em prisões secretas, tortura-los e, em alguns casos, executa-los, sem qualquer
simulacro de julgamento. A denúncia foi
feita por uma organização civil de defesa dos direitos humanos, a Open Society
Justice Iniciative, com sede em Nova Iorque.
Esses atos de violência foram cometidos contra as leis
norte-americanas e as leis dos paises cúmplices. Destacaram-se, nessa sórdida
vassalagem a Washington, os governos de direita de Portugal e Espanha, de Durão
Barroso e José Maria Aznar - os mesmo que promoveram o Encontro dos Açores, em
março de 2003. Naquela reunião, Bush e Blair decidiram invadir o Iraque, sob
o pretexto de que Saddam Hussein
dispunha de armas de destruição em massa.
A civilização ocidental vem
enfrentando uma crise de identidade ética coincidente com o processo de
acumulação brutal do capitalismo,
contraposto aos ideais do Iluminismo e da Revolução Francesa. A crise
chegou ao auge com o nacional socialismo. A derrota de Hitler trouxe a
esperança, que a Guerra Fria adiou. Os Estados Unidos, como sempre, tomaram a vanguarda
da insensatez, mediante a caça “às bruxas” do macartismo.
Os americanos, que
haviam sido, no fim dos setecentos, exemplo para o mundo do primado das
instituições políticas e do poder da lei, passaram a violar os seus próprios
valores e princípios. Essas violações atingiram o clímax com Bush, mas
continuam no governo Obama, com suas decisões mais recentes, entre elas a do
direito imperial de continuar a matar
quem quiser, em qualquer lugar do mundo, continuando a guerra infinita.
A idéia do Ocidente,
com seus momentos de avanço e de recuo, se funda no princípio basilar do
humanismo - o respeito aos direitos humanos elementares. No plano
internacional, os direitos humanos se expressam no respeito à autodeterminação
nacional dos povos. Ao esvaziar-se dessa diretriz milenar, o Ocidente passa a
ser conceito abstrato.
Todas as instituições milenares da nossa civilização se
encontram em crise, como é o caso da Igreja Católica - enredada em seus
compromissos temporais e seus próprios pecados - e os estados nacionais,
incapazes de assegurar aos seus cidadãos o mínimo: emprego, moradia, saúde,
educação ou de salvaguardá–los da violência.
Como todos os
movimentos históricos, o Ocidente - como idéia e prática do humanismo e da
solidariedade - sempre foi contestado. Mas nunca esteve tão ameaçado de
dissolução, mediante a violação de suas próprias idéias e leis.
Enquadrilham-se
banqueiros, fabricantes de armas e
líderes medíocres, para subjugar os débeis e extinguir os que ousam
resistir.
Postado por Mauro Santayana
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