Por: Renata Giraldi, da Agência Brasil
Brasília – A morte do educador Anísio Teixeira em 1971, no
Rio de Janeiro, é tema de uma audiência pública que a Comissões Nacional da
Verdade (CNV) e a Comissão da Verdade da Universidade de Brasília (UnB)
promovem terça-feira (6), em Brasília. As duas comissões vão analisar as
circunstâncias da morte de Teixeira, ex-reitor da UnB, que foi cassado pelo
golpe militar de 1964. Participarão da audiência o coordenador da CNV, Cláudio
Fonteles, e os demais membros da comissão.
A ideia é sensibilizar a sociedade em busca da verdade sobre
os impactos do regime militar na educação do país. A estimativa é que, apenas
entre estudantes e professores universitários, cerca de 300 pessoas morreram ou
desapareceram durante a ditadura (1964-1985), além daqueles que foram
monitorados e perseguidos. Reitores de 81 universidades contribuem com as
investigações sobre o tema.
O assunto deve fazer parte da reunião de amanhã (5) da
Comissão Nacional da Verdade, em Brasília. A reunião deve durar todo o dia e
engloba uma série de temas desde a missão no Pará.
Na terça-feira, Babi Teixeira, filha do educador, entregará
às comissões um dossiê inédito sobre as circunstâncias da morte do pai e as
perseguições que ele sofreu durante a ditadura. Segundo Babi, o documento reúne
depoimentos de parentes e amigos de Teixeira.
Na audiência pública estarão presentes também Carlos
Teixeira, filho do educador, e o professor de engenharia João Augusto da Rocha,
da Universidade Federal da Bahia, autor do livro Anísio em Movimento, que tem
colaboração de Afrânio Coutinho, Antonio Houaiss, Artur da Távola, Darcy
Ribeiro, Diógenes Rebouças, Luís Filipe Perret Serpa, Florestan Fernandes,
Haroldo Lima, Jorge Hage, Luís Henrique Dias Tavares e Tales de Azevedo, entre
outros.
Nos anos de 1960, Anísio Teixeira projetou, em parceria com
Darcy Ribeiro, a Universidade de Brasília, fundada em 1961. Teixeira foi reitor
da UnB em 1963 e, em 1964, foi cassado pela ditadura. Em março de 1971, o corpo
dele foi encontrado no fosso do elevador do prédio do amigo Aurélio Buarque de
Holanda. A versão oficial é que ele foi vítima de um acidente.
Suruís na Guerrilha do Araguaia
A CNV também prepara, para os próximos dias 16, 17 e 18, uma
série de atividades no interior do Pará para averiguar questões relativas à
Guerrilha do Araguaia, ocorrida no período de 1960 a 1970. O grupo vai
analisar, por exemplo, informações sobre a exploração de indígenas da etnia
Suruí, que atualmente vive na Terra Indígena Sororó, pelos militares, durante o
conflito.
Pela segunda vez, a CNV irá ao interior do Pará para
conversar com os indígenas da etnia Suruí. Os líderes da etnia querem a criação
de uma comissão da verdade local, pois há referências à possibilidade de os
indígenas terem sido forçados pelo Exército a cooperar no combate à guerrilha.
Em outubro, os líderes dos suruís pediram o apoio da CNV.
Também no interior do Pará, a CNV deve se reunir com o Grupo
de Trabalho Araguaia, criado em 2009, que trabalha na localização e
identificação dos corpos dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia. O grupo é
formado por integrantes dos ministérios da Defesa e da Justiça e da Secretaria
de Direitos Humanos, além de antropólogos, geólogos, cartógrafos e
especialistas em logística, assim como observadores do PCdoB, do governo do
Pará e parentes dos mortos e desaparecidos.
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