Ministro defende valor de indenizações contestado por
concessionárias na mudança de regime do setor elétrico
Por: Pedro Peduzzi, da Agência Brasil
Brasília – Autoridades públicas do setor elétrico defenderam
hoje (9) que os valores calculados pelo governo para as indenizações previstas
na prorrogação das concessões do setor são adequados. “As regras já eram
conhecidas, foram mantidas e continuam atrativas”, disse o ministro interino de
Minas e Energia, Márcio Zimmermann, ao rebater declarações de analistas na
imprensa de que os valores das indenizações deveriam ser maiores.
“Estamos falando de
ativos depreciados e efetivamente zerados, relacionados ao preço das usinas e a
valores de depreciação já conhecidos”, acrescentou o ministro, durante o
Seminário Prorrogação de Concessões do Setor Elétrico, promovido pela
Confederação Nacional da Indústria (CNI).
As concessionárias têm até dia 4 de dezembro para decidir
sobre a adesão à Medida Provisória 579/2012, que estabelece as condições para a
renovação das concessões do setor no ano que vem e prevê redução nas tarifas de
energia. O governo irá indenizar as empresas que renovarem a concessão.
Zimmermann disse que as duas entidades responsáveis pelos
cálculos das indenizações – a Empresa de Pesquisa energética (EPE) e a Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – têm expertise e banco de dados que deram
“conforto para que o ministério soltasse as portarias relativas à tarifa de
transmissão e de remuneração”. Prova disso, argumentou o ministro, é o grande
interesse que os leilões têm despertado em investidores brasileiros e
estrangeiros.
De acordo com o secretário do Tesouro Nacional, Arno
Augustin, as usinas e linhas de transmissão com concessões vincendas vão
receber “de forma absolutamente correta” os valores devidos. O mais importante,
destacou, é a redução do custo da energia elétrica em até 29%, tendo como média
do sistema 20%.
“O que o governo não
pode concordar é que não queiram reduzir o custo da energia, quando já há
depreciação desses ativos. E que alguém imagine poder manter ativos sendo
remunerados além do prazo que faz com que a remuneração seja totalmente justa e
a indenização totalmente completada, ou seja, alguém que queira ter um lucro
extraordinário à custa de manter as tarifas de energia acima do correto”,
alegou.
Segundo ele, as empresas têm a liberdade de aceitar ou não o
proposto pelo governo. “Hidrelétricas e linhas de transmissão já foram
depreciadas. É justo, então, que o preço da energia diminua. Isso é importante
para nossa indústria, para nosso comércio, nossa agricultura e para os cidadãos
brasileiros.”
No seminário, os dirigentes da EPE, Maurício Tolmasquim, e da
Aneel, Nelson Hübner, detalharam a forma como os cálculos das indenizações
foram feitos.
“As empresas não
tiveram nenhuma surpresa em relação aos valores. Temos todos os dados de
valores depreciados e não depreciados, amortizados e não amortizados, e o valor
a ser indenizado levou em conta o valor do bem e o percentual depreciado em
função dos anos em operação. Consideramos ainda o custo atual para se construir
uma usina e de todos os componetes instalados nela”, disse Hübner.
Para Tolmasquim, a proposta de estender por mais 30 anos a
concessão “é um negócio, não uma obrigação”, e que os valores de remuneração
são bons. “Nenhum contrato foi mudado, e o direito está mantido. O que demos
foi uma opção para aqueles que quiserem prorrogar o uso da usina”, disse.
“Claro que algumas
empresas que funcionam com custo acima do valor médio terão de se ajustar para
o valor médio [que serviu de base para os cálculos]. Mas muitas que estavam
abaixo do valor médio estão tendo sua operação aumentada. Alguns inchados e
inflados, cuja existência já tínhamos conhecimento, vão ter de se ajustar para
o patamar médio, as eficientes terão o bônus disso”, completou.
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