Projeto foi
aprovado ontem pela Câmara; uma vez aprovado, diz a ministra, deve demorar um
pouco para decolar: 'há um tempo para as empresas aderirem'
São Paulo – A
ministra da Cultura, Marta Suplicy, disse hoje (22) que o Vale-Cultura
provocará uma "revolução" no país. Aprovado ontem pelo plenário da Câmara dos
Deputados, o projeto de lei propõe às empresas concederem, em troca de isenção
fiscal, benefício de R$ 50 mensais para seus empregados gastarem com bens
culturais – filmes, teatro, jornais, shows, museus etc. "Uma pessoa que
nunca conseguiu comprar nada escrito, nem uma revista, vai poder comprar
livros, ir ao cinema, a espetáculos", enumerou. "Isso vai abrir
janelas de oportunidades." O texto segue agora para o Senado.
Marta Suplicy
concedeu entrevista a veículos de imprensa de todo o país através do programa "Bom Dia, Ministro",
produzido pela emissora pública EBC para o rádio e a televisão. Na ocasião,
comparou o Vale-Cultura ao Bolsa-Família, programa de renda-mínima criado
durante o governo Lula (2003-2010) para garantir a subsistência dos brasileiros
de menor renda. "Já temos um Bolsa-Família, que alimenta as pessoas, e
agora teremos um bolsa-alma, porque a cultura é o alimento da alma",
aproximou. "Acredito que pode ser uma marca muito boa para o governo
Dilma."
A ministra
advertiu, porém, que o Vale-Cultura deve demorar a surtir efeito. Todos os
trabalhadores do país que recebem menos de cinco salários-mínimos mensais terão
direito ao benefício, mas seu pagamento dependerá de negociação com os
empregadores. "Há um tempo para as empresas aderirem. Elas não são obrigadas.
Terão que ser estimuladas", avalia Marta Suplicy. "Apesar da isenção,
pra empresa, custa, porque tem que ter toda uma área jurídica pra fazer as
contas, saber quantos empresários se interessam. Tem um custo pro
empregador."
Marta Suplicy
enumerou ainda a falta de costume dos brasileiros de acessar os bens culturais,
não tanto por desinteresse, mas sobretudo por falta de condições financeiras.
"Uma pessoa que nunca entrou numa livraria, demora", prevê, citando a
experiência que teve com os Centros Educacionais Unificados (CEU) quando foi
prefeita de São Paulo. "Quando fizemos os CEUs com teatro, quase ninguém
havia entrado num teatro antes. No começo, as pessoas iam muito tímidas",
explica. "Depois, quando perceberam que era bom, tinha fila de quarteirão
pra entrar."
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