CartaCapital de agosto
deste ano: ao contrário de sua concorrente golpista, a reportagem contém provas
irrefutáveis da associação da revista Veja com o crime organizado
A CPI do
Cachoeira acaba de divulgar o relatório
final de suas investigações.
Aqui, provas
valeram mais que suposições. Além do próprio bicheiro, condenado e solto (??!!
alguém desenha pra mim?), de graúdos, foram indiciados: Policarpo Jr., editor
da Veja em Brasília; Marconi Perillo, governador de Goiás; Demóstenes Torres,
senador cassado e outros 40. O relatório ainda acusa de prevaricador o
procurador Roberto Gurgel.
O mais
importante, a meu ver, é indiciamento de Policarpo Jr.
Passamos anos
acusando o PiG de agir como PiG. Principalmente por ter o domínio dos fatos
(aqui, literalmente falando!) e a exclusividade da opinião publicada sobre
eles. Chegou, enfim, a hora da verdade para uma das quatro famiglias que
dominam a mídia no Brasil. As gravações entregues à CPI pela Polícia Federal,
revelando o conteúdo de mais de duzentas conversas entre o editor da Veja e o
bicheiro – trocando favores, definindo pautas e atacando adversários em
matérias plantadas – não podiam passar em branco.
Cachoeira
ainda aparece em “relacionamento íntimo” com o governador de Goiás, Marconi
Perillo. E isso não é novidade. Afinal, o
PSDB é campeão nacional de fichas-sujas. Marconi só vai engrossar o caldo.
Se, por um
lado, a oposição e os juízes se agarram à condenação fraudulenta de José Dirceu
para dar continuidade ao golpe contra o PT, por outro, a relação criminosa
entre o editor da revista de maior circulação no país e um bicheiro cheio de
tentáculos em elevadas esferas políticas, retira a Veja do saco das publicações
mexeriqueiras e a afunda no dos criminosos lesa-pátria.
A inclusão de Policarpo
Jr. e mais 4 jornalistas no grupo dos indiciados é um alívio. Corriam
boatos de que o mafioso Civita intimidara os membros da CPI pelo livramento do
editor de sua revista. Já Rupert Murdoch, o magnata da mídia mundial, mil vezes mais
poderoso que Civita, foi obrigado a fechar um de seus jornais, o News of the
World, por imposição das leis inglesas que regulam os meios de comunicação
daquele país.
Nossa mídia
rasteira classificou o relatório final da CPI do Cachoeira como retaliação pela
farsa do julgamento da farsa do chamado mensalão do PT. O PiG foca somente os
jornalistas envolvidos com a quadrilha de Cachoeira. Choraminga a mesma ladainha
da liberdade de expressão de SUA famiglia. Mas o total de indiciados soma 34.
Tem gente que recebeu coisa de R$ 1,8 milhões de Cachoeira. Em termos de
valores em espécie, o que os jornalistas receberam é trocado perto do que
movimentaram os graúdos. Mas se falarmos em reforços para a realização do
debate pela Lei de Médios, é um argumento de peso.
Obviamente
que o dono da Abril tem mais força política que os acusadores de Policarpo Jr.
E pelo atual espírito de inconstitucionalidade que assola o STF – justo aqueles
que deveriam proteger nossa Constituição com unhas e dentes –, Veja pode se
safar nas páginas de toda a famiglia e nos tribunais. Mas não vai “apagar” sua
associação com o crime organizado.
Nas
manchetes, perdemos feio para a mídia corporativa. Mas existem outras frentes
de batalha. Teremos muitas ações e eventos de apoio à Dirceu e Genoino. Mais
adiante, quando partirem para cima de Lula, virá uma onda maior de protestos
contra a criminalização do partido que não conseguem derrotar nas urnas desde
2002.
À partir do
relatório desta CPI e somando-se as incontáveis falcatruas da publicação, Veja
torna-se o exemplo mais cristalino da necessidade de regulação da mídia.
O PT ensaia
uma nova postura. Anda trocando a indiferença conveniente e
costumeira pelo enfrentamento e defesa de seus mais caros membros. Sabemos que
é isso que a mídia golpista quer. Enfrentamento. Para que possa usar seus
canhões assassinos de reputações contra os “insurgentes” sem dar chances de
defesa – o que, aliás, ensinou aos capas-pretas do STF. Mesmo assim, a reação do PT
é positiva e deve ser mais contundente.
Vem chumbo
grosso do lado de lá. Se não mostrarmos agora nossa indignação contra a mídia e
o STF, outros golpes, como o da 470, a roubarão de nós.
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