No último primeiro de fevereiro, Renan Calheiros (PMDB/AL)
foi eleito presidente do Senado Federal e consequentemente do Congresso
Nacional com 56 votos. Contra ele concorreu o senador Pedro Taques (PDT/MT).
Logo os moralistas de ocasião mostraram sua indignação nas
redes sociais. Aos sinceros sempre o erro de olhar o específico ao invés do
todo. O problema não é nome, é o modus operandi da política nacional que é
ruim. A própria existência de senado gera polêmicas que se finge que nada
existe.
Pedro Taques, além de candidato à presidência do Senado
contra Renan, também foi candidato a novo Demóstenes. Álvaro Dias não aguentou
muito tempo nessa tarefa, logo apareceram R$ 16 milhões em seu patrimônio que
estavam escondidos. O próprio Taques, também não aguentaria muito tempo.
Ele é acusado de ter ligações com a máfia do combustível em
seu estado. Sua esposa advoga para o sindicato dos postos de gasolina do Mato
Grosso. Além de ter sido um dos maiores defensores, ao lado de Miro Teixeira –
também do PDT – do “empregado” do bicheiro Carlinhos Cachoeira e editor chefe
da sucursal de Veja em Brasília/DF, Policarpo Júnior.
Entre as tantas balelas ditas na defesa do elaborador de
dossiês do bicheiro estava a de que não se podia “condenar o mensageiro”. A
ironia é que Taques processa o jornalista que deu a informação de seu suposto
envolvimento com a máfia dos combustíveis no Mato Grosso.
Taques é tão ético quanto Demóstenes ou o próprio Renan.
Renan já foi presidente da Casa, mas renunciou para evitar cassação após
denúncias de que um lobista pagava pensão em seu nome em uma relação
extraconjugal.
Sem falar a descarada ação de Roberto Gurgel, Procurador
Geral da República em formalizar denúncia contra Renan às vésperas da disputa
no Senado. Ele teve seis anos para elaborar um documento de 17 páginas. Não há
palavras para descrever o quão ridículo é sua passagem pelo Ministério Público.
Essa é a moral do Senado. Queriam cassar Renan, mas ele
renunciou e ficou tudo resolvido. O problema não era um lobista pagar suas
contas, era ter alguém da base aliada na presidência do Congresso Nacional.
Não se trata de defender esse ou aquele senador e sim
questionar a moralidade seletiva alimentada pela “grande imprensa” e que assola
a classe média tradicional. Renan foi ministro da Justiça de Fernando Henrique
Cardoso (FHC). Àquela época ele era apenas um senador alagoano com uma
capacidade excelente de articulação. E comandou o resgate do irmão dos cantores
Zezé di Camargo e Luciano.
Quase um herói nacional nos patéticos jornalões.
Alguém realmente acha que se Serra tivesse vencido a eleição
em 2002 os presidentes do Senado seriam outros senão Sarney e Renan?
O PMDB é o maior partido em parlamentares e prefeitos do
país. Já era assim há dez anos atrás. Essa relação intra corporis no Congresso
não seria muito diferente do que é hoje.
O vice de Renan é o petista Jorge Viana do Acre. Logo a
“midiazona” para de choramingar a derrota no Senado. Se Renan sair, assume um
petista. Antes alguém de um partido aliado do que um do próprio partido da
presidenta.
Apesar de relativamente barulhenta, a moralidade seletiva da
“grande imprensa” e da classe tradicional tem efeitos cada vez menores. Basta
olharmos a audiência do ápice da catarse de turma, o Jornal Nacional. Nunca foi
tão baixo. Estamos deixando de ser um país de Homer Simpson's, para desespero
de nossa elite.
Postado por Cadu Amaral
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