Via Vermelho
“Nunca o pensamento de Martí foi tão atual:
“com todos e para o bem de todos”, escreveu certa vez, contra a ganância e a
arrogância do imperialismo e das oligarquias aliadas e seu rastro de opressão e
misérias.”
“Vivi no monstro e conheço suas entranhas”. A
frase do pensador e apóstolo da independência de Cuba, José Martí, define com
precisão a atualidade de seu pensamento.
Martí, que teria
completado 160 anos de idade neste 28 de janeiro, morou em Nova York na década
de 1880. Sua vida foi curta - apenas 42 anos, perdendo a vida em consequência
de um ferimento na batalha de independência de Cuba, no vilarejo de Dos Ríos.
Vida curta, pensamento
longevo. Martí foi o principal continuador da obra iniciada muitas décadas
antes por Simon Bolívar - a luta pela independência, soberania e unidade da
América Latina. E seus herdeiros modernos de Martí são: o líder da revolução
cubana, Fidel Castro, e o grande dirigente da revolução bolivariana na Venezuela,
o presidente Hugo Chávez. E aqueles que, como Lula, Evo Morales, Pepe Mujica -
operários, índios, mestiços - que, assumem a responsabilidade de dirigir nossas
sociedades.
O palco da comemoração
de seu aniversário foi - e não poderia ser outro - o grande encontro ocorrido
em Havana, Cuba, entre os dias 28 e 30 de janeiro: a Terceira Conferência
Internacional pelo Equilíbrio do Mundo, com a presença de mais de 800
representantes de 39 países da América Latina, Europa, Ásia e Oceania. Num
momento especial, e simbólico, em que Cuba assume a direção da Comunidade de
Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
Nunca o pensamento de
Martí foi tão atual: “com todos e para o bem de todos”, escreveu certa vez,
contra a ganância e a arrogância do imperialismo e das oligarquias aliadas e
seu rastro de opressão e misérias.
A América Latina
realiza hoje o sonho autonomista de Bolívar e Martí. Nesta década de reação
antineoliberal, constrói os instrumentos de sua soberania, como a Celac e os
outros organismos da soberania continental, como a Aliança Bolivariana para os
Povos de Nossa América (Alba) e a União das Nações do Sul (Unasul). São
instrumentos de intervenção na luta pela paz e contra a agressão imperialista.
Luta, por exemplo, contra o bloqueio que os EUA impõem a Cuba que só subsiste,
como o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva disse no encontro em Havana,
pela teimosia do governo de Washington, que não reconhece ter sido derrotado
nessa batalha.
A soberania dos povos
não vai cair do céu, entretanto, resultará da luta dos povos; da resistência e
da mobilização social, que ocorrem e se fortalecem em nossos dias, dirigidas
pelos herdeiros de Bolívar e Martí.
“A pátria é a humanidade” - esta é outra
convicção expressa por Martí que define o espírito de sua luta
antiimperialista, cuja atualidade é notável, e também o caráter mais profundo
de sua luta: a civilização só avança se o objetivo final da luta for a
realização da fraternidade humana de maneira ampla. Convicção que, unida à
exigência libertária da qual ele foi um dos expoentes, torna seu pensamento
ainda mais atual e ajuda as forças progressistas do mundo a compreender a
profundidade das tarefas históricas que tem pela frente.
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