No fim de semana a chanceler Angela Merkel pediu mais 5 anos de
austeridade à Europa. O continente, por sua vez, se prepara para mais dias de
convulsão. Neste começo de semana o Parlamento grego vota mais uma fatia (13,5
bilhões de euros) do pacote de cortes imposto ao país para que este continue a
receber a “ajuda” da UE – “ajuda” cuja maior parte apenas transita por Atenas
em direção aos credores internacionais. Já a partir desta segunda greves
tomarão conta do país, a começar pelo setor de transportes (metrô) e pelo de
energia elétrica. O artigo é de Flávio Aguiar, direto de Berlim
Flávio Aguiar
Berlim - No fim de semana a chanceler Angela Merkel pediu mais 5 anos de
austeridade à Europa. O continente, por sua vez, se prepara para mais dias de
convulsão. Neste começo de semana o Parlamento grego estará votando mais uma
fatia (13,5 bilhões de euros) do pacote de cortes imposto ao país para que este
continue a receber a “ajuda” da UE – “ajuda” cuja maior parte apenas transita
por Atenas em direção aos credores internacionais.
Já a partir desta segunda greves tomarão conta do país, a começar pelo setor de transportes (metrô) e pelo de energia elétrica, o que deve provocar apagões na capital a partir de hoje. Há conclamações para adesão de outros setores à greve amanhã (terça) e quarta-feira.
A expectativa do governo de Antonis Samaras é de uma vitória apertada no Parlamento.
Enquanto isso o euro continuou em queda livre, com 1,28 dólar americano comprando a moeda, e 1,25 euro comprando uma libra britânica. Entretanto essa queda não significa melhora na situação européia, uma vez que todos os países da zona do euro têm a mesma moeda, e uma grande parte das suas exportações/importações se dá no interior dessa zona.
Nas bolsas houve uma corrida deflacionária por títulos da dívida alemã, considerada uma espécie de “porto-seguro” em momentos de crise. Isso significa que investidores estão se resignando a “perder” dinheiro para manter títulos alemães em seu poder.
Porém a situação alemã continuou a se deteriorar, embora num ritmo muito mais lento do que em países como Grécia e Espanha. Dados estatísticos disponíveis revelaram que outubro fechou com 20 mil desempregados a mais do que começou no país. Segundo o modo da U. E. contabilizar o desemprego, isso significa uma taxa de 6,9% (2,937 milhões). Já na zona do euro como um todo essa taxa atingiu 11,6%, 18,5 milhões de desempregados (ou seja, uma Grande São Paulo). Entre os mais jovens a taxa geral subiu para 23,3%. E a Espanha sofreu sua quarta queda consecutiva no PIB.
Para a semana que vem reina a expectativa sobre a proposta de um jornada de lutas na Europa, convocada para 14 de novembro pela Confederação de Sindicatos Europeus. Espera-se naturalmente que essa jornada internacional tenha repercussão mais intensa em Portugal, na Espanha, com adesão a uma greve geral. Também deverá haver repercussão mais intensa do movimento na Itália e na Bélgica. Não se sabe qual será a repercussão na Grécia, com as greves previstas para esta semana durante e depois da votação do pacote.
Para esquentar mais um pouco a semana, veio a público um relatório do banco HSBC em que este prevê medidas mais rigorosas para se precaver contra a possível saída “de um país” da zona do euro. Na avaliação do relatório haveria uma catástrofe caso Grécia, Espanha ou Itália saíssem da zona do euro; essa catástrofe seria menor, no caso de Chipre, Irlanda ou Portugal. Entretanto o país que está de fato na berlinda é a Grécia, cujo caso será mais uma vez debatido na próxima cúpula da UE, no final de novembro.
Toda essa agitação – bem como a fala de Merkel – se contrapõe à declaração do presidente francês François Hollande de que o pior da crise já teria passado, e que 2013 seria um ano de retomada do crescimento.
Já a partir desta segunda greves tomarão conta do país, a começar pelo setor de transportes (metrô) e pelo de energia elétrica, o que deve provocar apagões na capital a partir de hoje. Há conclamações para adesão de outros setores à greve amanhã (terça) e quarta-feira.
A expectativa do governo de Antonis Samaras é de uma vitória apertada no Parlamento.
Enquanto isso o euro continuou em queda livre, com 1,28 dólar americano comprando a moeda, e 1,25 euro comprando uma libra britânica. Entretanto essa queda não significa melhora na situação européia, uma vez que todos os países da zona do euro têm a mesma moeda, e uma grande parte das suas exportações/importações se dá no interior dessa zona.
Nas bolsas houve uma corrida deflacionária por títulos da dívida alemã, considerada uma espécie de “porto-seguro” em momentos de crise. Isso significa que investidores estão se resignando a “perder” dinheiro para manter títulos alemães em seu poder.
Porém a situação alemã continuou a se deteriorar, embora num ritmo muito mais lento do que em países como Grécia e Espanha. Dados estatísticos disponíveis revelaram que outubro fechou com 20 mil desempregados a mais do que começou no país. Segundo o modo da U. E. contabilizar o desemprego, isso significa uma taxa de 6,9% (2,937 milhões). Já na zona do euro como um todo essa taxa atingiu 11,6%, 18,5 milhões de desempregados (ou seja, uma Grande São Paulo). Entre os mais jovens a taxa geral subiu para 23,3%. E a Espanha sofreu sua quarta queda consecutiva no PIB.
Para a semana que vem reina a expectativa sobre a proposta de um jornada de lutas na Europa, convocada para 14 de novembro pela Confederação de Sindicatos Europeus. Espera-se naturalmente que essa jornada internacional tenha repercussão mais intensa em Portugal, na Espanha, com adesão a uma greve geral. Também deverá haver repercussão mais intensa do movimento na Itália e na Bélgica. Não se sabe qual será a repercussão na Grécia, com as greves previstas para esta semana durante e depois da votação do pacote.
Para esquentar mais um pouco a semana, veio a público um relatório do banco HSBC em que este prevê medidas mais rigorosas para se precaver contra a possível saída “de um país” da zona do euro. Na avaliação do relatório haveria uma catástrofe caso Grécia, Espanha ou Itália saíssem da zona do euro; essa catástrofe seria menor, no caso de Chipre, Irlanda ou Portugal. Entretanto o país que está de fato na berlinda é a Grécia, cujo caso será mais uma vez debatido na próxima cúpula da UE, no final de novembro.
Toda essa agitação – bem como a fala de Merkel – se contrapõe à declaração do presidente francês François Hollande de que o pior da crise já teria passado, e que 2013 seria um ano de retomada do crescimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário