Lendo diversos noticiosos nesta manhã de eleições municipais
no Brasil, me deparo com uma notícia
sobre alguém que já foi "esquecido". É o Julian Assange, o cara que
botou a boca no mundo e através do Wikileaks vazou para quem quisesse ver,
informações importantes e secretas dos governos mundiais. Notadamente, no
governo americano. Vazou também bandidagens da direita brasileira, capitaneada
pelo PSDB, como detalhes da entrega do patrimônio a estrangeiros, a facilitação
e a farsa das licitações e a vergonhosa submissão que os mandatários tucanos
levaram a cabo durante seu tempo no poder.
Denunciou também que um certo âncora global era informante do
governo americano, em detrimento de seu próprio país. Coisa que claro, ninguém
jamais duvidou. Só faltava a prova.
Por causa disso, governos de todo o planeta querem sua
cabeça. Ele precisou refurgiar-se na embaixada equatoriana em Londres, para,
sem acordo de extradição com tais países, ele possa não ser encarcerado sob
falsas alegações que lhe imputam, já que "falar a verdade" não é
considerado crime em quase nenhum lugar da Terra. Arranjaram pra ele (da mesma
forma que contra Dominique Strauss-Khan) a pecha de assaltante sexual. No caso do ex-chefe do FMI e então virtual candidato
à presidência da França, a verdade veio à tonta (mas lhe custou a corrida para
a cadeira). Assange não teve, nem terá a mesma sorte. Seu crime (o de falar a
verdade) não prescreve jamais e a bandidagem governamental não pensa em lhe poupar
a vida..
Em razão disso a idéia do que seria democracia me veio
imediatamente ao cérebro. Não sem antes passar pela vergonhosa situação em que
se encontra o Supremo Tribunal Federal brasileiro, com suas condenações no caso
do mensalão, feitas sob encomenda pela imprensa que manda no país. Condenações
para, na grande maioria dos casos, atribuir pena sem prova consistente,
solapando as garantias constitucionais que demoramos séculos para conseguir,
não sem muitas mortes e tortura. Condenações por "indícios" não
encontram precedentes nem na época da ditadura, mas agora acham eco, conduzidas
por uma mídia e por uma elite que não admitiram serem contrariadas por
trabalhistas que precisaram subornar o Congresso para ele fazer aquilo que já
era obrigado pelo dever do ofício. O mensalão não foi outra coisa que isso.
Pagar deputados para que trabalhassem, já que amor à causa e ao Brasil, não
tinham nenhum.
Se isso é crime, coisa que eu não questiono, deveria então ao
menos, punir todos aqueles que o cometem. Ao invés disso, FHC e sua trupe, que
pagaram 200 mil dólares por cabeça para a aprovação da reeleição, passarão
impunes sem sequer o oferecimento de denúncia pelo emérito procurador geral da
República. Tampouco merecerá alguma denúncia o mesmíssimo mensalão iniciado
pelo agora condenado Marcos Valério, só que em favor de um governo tucano, o de
Eduardo Azeredo, em Minas Gerais.
Trazendo essas considerações para os dias atuais, se vai
percebendo que de verdade, a noção de democracia é claudicante no mundo todo. Talvez
ela realmente nunca tenha existido, nem existirá da forma que imaginamos.
Aqueles que deveriam ser os guardiões da liberdade, vendem o voto, a ideologia
e o apoio, pelo melhor preço, disponível no mercado.
Candidatos que até ontem criticavam o governo federal
brasileiro, agora aparecem de mãos dadas justamente em nome da tal
"governabilidade" que tantas barbaridades legais, justificou. Quando
convém, o imprensalão denuncia. Quando não convém, tudo passa encoberto. Não
sem antes deitarem-se sob o imenso cobertor de hipocrisia, hipocrisia esta que
ensaboa os ânimos e conduz uma fatia substancial dos apaniguados brasileiros em
cargos públicos comissionados. Ideologia é uma tolice reservada a poucos
"bobos". Ética, nem existe. Tudo depende de em qual lado a pessoa
está.
As eleições brasileiras nas cidades, neste domingo vieram
para reforçar duas coisas. Lula elege sim, postes ao longo do Brasil. A outra é
que nossa democracia é 50%, farsa descarada, com juízes regionais subornados,
rasteiras, compra de votos e uma bandidagem sem precedentes, tudo disfarçado
por campanhas televisivas trilionárias.
Pare o mundo que eu quero descer!
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