sábado, 31 de março de 2012

Complexo IPES-IBAD-Instituto Millenium



 Todos já devem ter lido sobre o congresso organizado pelo Instituto Millenium em São Paulo, evento que reuniu o que há de mais conservador e reacionário neste país. Este tipo de frente única pró Golpe não é novidade no Brasil, no início dos anos sessenta se organizou coisa parecida, capitaneada por aquilo que o grande historiador René Armand Dreifuss chamou de complexo IPES-IBAD, uma frente de profissionais do golpismo patrocinada pela CIA. A questão é que as forças realmente democráticas, no início dos anos sessenta, demoraram muito para se dar conta sobre o que significava de fato o sinistro complexo, e quando descobriu foi tarde demais. Segue abaixo algumas informações que retirei do livro de Dreifuss, 1964: A Conquista do Estado, recomendo a todos ler este minucioso estudo.
Ditadura Nunca Mais!!!
O IBAD foi criado em 1959, mas só intensifica suas atividades a partir de 1962, era gerenciado diretamente pela CIA, que o abastecia de forma generosa.
O IPES é fundado em 1961, por empresários do eixo Rio-São Paulo.
O IBAD atuava como unidade tática e o IPES como unidade estratégica.
A partir do complexo IPES-IBAD surge ADP (Associação Democrática Parlamentar), grupo que atuava no congresso federal, e que tinha entre seus membros deputados e senadores da UDN (praticamente todos dessa legenda), boa parte do PSD e mesmo alguns deputados do PTB.
No âmbito estadual, atuava a ADEP (Associação Democrática Estadual Parlamentar)
Os membros da ADP e da ADEP recebiam fundos generosos do IPES-IBAD
O IPES se subdividia em: Grupo de Levantamento e Conjuntura – GLC
Grupo de Assessoria Parlamentar – GAP
Grupo de Opinião Pública – GOP
Grupo de Publicações/Editorial – GPE
Grupo de Estudo e Doutrina – GED
Dentre as modalidades de Ação do complexo estavam:
Ação Ideológica e social
Doutrinação Geral
Guerra psicológica através do rádio e televisão

Guerra psicológica através de cartuns e filmes
Doutrinação específica
Seus alvos para doutrinação eram: estudantes, artistas, donas de casa de classe média, camponeses, operários, políticos, empresários, intelectuais, clérigos, etc.
Seus ativistas eram contratados entre as elites brancas do país, sobretudo empresários.
A agência de publicidade do complexo era a Promotion SA
Dentre os grupos patrocinados estavam:
CCC- Comando de Caça aos Comunistas
MAC – Movimento Anti Comunista
AVB – Ação Vigilantes do Brasil
GAP – Grupo de Ação Patriótica, liderado por Aristóteles Drumond, hoje apresentador da Rede Vida, canal católico.
CAMDE – Campanha da Mulher Pela Democracia, do Rio.
UCF – União Cívica Feminina, SP, grupo que organizou a Marcha da Família com Deus Pela Liberdade, em 19 de março de 1964.
MSD - Movimento Sindical Brasileiro, atuante no meio operário
O complexo IPES-IBAD patrocinou livros, programas de rádio e TV, documentários.
Toda a mídia corporativa brasileira se comprometeu com o projeto golpista do complexo.
Os institutos anti-democráticos em questão recrutaram artistas e intelectuais como: Rubem Fonseca, Raquel de Queiroz, Gilberto Freire, Jean Manzon (Canal 100), Manuel Bandeira, etc.
Homens de negócios como: Júlio de Mesquita Filho, Alberto Bighton Jr, Herbert Levy, Gastão Eduardo Bueno Filho, José Ermírio de Morais, Heinning Boilenssen, etc.
Políticos como: Antonio Carlos Magalhães, Amaral Neto, Gustavo Capanema, Plínio Salgado, Padre Arruda Câmara, Saturnino Braga, Mário Covas, Cunha Bueno, etc.
O complexo IPES-IBAD participou ativamente das eleições de 1962, financiando políticos alinhados com suas propostas ideológicas.
Estes institutos estiveram diretamente envolvidos no Golpe de 1964.
Após o Golpe, os arquivos do IPES-IBAD foram fornecidos a Golbery do Couto e Silva e ajudariam a formar o acervo de informações do SNI (Serviço Nacional de Informações)
O complexo exportou seus conhecimentos para os demais países da América Latina, e seus congêneres estiveram presentes em golpes na Bolívia, Chile, Uruguai e Argentina.
Do Blog do Cappacete.

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