Esse blogueiro, não se furtou em assistir a estréia da
"TV Folha", que está sendo "singelamente" chamada de
"parceria do Grupo Folha, com a TV Cultura" de São Paulo, programa
que aconteceu no domingo (11/03) às 20h.
O evento, foi anunciado com pompa e circunstância numa página
dupla do próprio jornal, e para que perdeu o "grande evento" .
A TV brasileira que até as pedras sabem, é uma concessão
pública, gerida pela iniciativa privada, com total omissão do poder público,
naquilo que se refere à fiscalização das programações ali veiculadas. Os telespectadores, assistem programações de
gosto duvidoso, que vão de BBB, com direito a estupro ao vivo na sala de sua
casa, na presença de toda família, à programas evangélicos que vendem um
caminho mais curto para o céu.
O tal escárnio do Grupo Folha, que eles chamam de
"parceria", na verdade é um conluio da iniciativa privada, se
utilizando de empresa pública, obviamente financiada com dinheiro público, ou
seja, com o meu, o seu, o nosso dinheiro, que empenha mais de 35% de toda sua
renda, somente pagando impostos.
Essa cifra medonha de 35% de impostos, que deveriam "em
tese" financiar a educação do seu filho, cuidar da nossa saúde, dar
transporte público decente, que a verdadeira função do poder público que
arrecada, não o faz, mas se é para levantar a bola do governo, então vale tudo,
até financiar um escárnio como esse, numa relação incestuosa, com a cara de pau
que o leitor viu nas matérias veiculadas, com a "pseudo" cara de
jornalismo isento, e de oposição.
O papel da TV Cultura (que é pública), no mar de fezes que se
transformou as TVs privadas, é o de ser uma alternativa crítica se opondo
frontalmente aos interesses da TV comercial, porém não é isso que acontece.
O primeiro bloco da programação de estréia, aos olhos dos
desavisados, pode soar com um "aperto" em Alckmin, governador de SP,
e Kassab, prefeito da cidade de SP, no entanto, não duvide, que tudo aquilo,
foi devidamente ensaiado, talvez eles inclusive tenham assistido aos vídeos com
as matérias, e na frente das câmeras, tudo parece uma grande surpresa.
Como acreditar numa Folha de S. Paulo, que faz uma
"parceria" com a Secretaria da Educação, comandada pelo PSDB de S.
Paulo, por quase 20 anos, fornecendo 6.000 assinaturas de jornais, para as
escolas da rede pública, sem licitação, sem concorrência, do modo mais obscuro
possível? Na mesma linha, o pacote de
bondades se estendeu ao jornal Estadão e ao Grupo Abril, através da revista
Veja. Como acreditar que após essa
"parceria" - a chamada isenção jornalistica poderá ser mantida?
Anda correndo um zum, zum, zum, que a próxima
"parceria" com o nosso dinheiro, será com Editora Abril, com um
programa na mesma TV Cultura, que acontecerá às terças-feiras.
Observem no vídeo do programa da TV Folha, que o patrocinador
é a montadora Renaut, em comerciais nos mesmos moldes da TV comercial. Isso
deixa claro que as TVs comerciais, agora ganham um concorrente, porém, ninguém
viu uma matéria por exemplo, no Jornal Nacional criticando esse
"parceria", incestuosa.
O que deixa esse blogueiro com a pulga atras da orelha e com
uma perguntinha que não quer se calar: Como o Conselho Curador da Fundação
Padre Anchieta "acochambrou"
essa parceria do público e o privado, e já deu como rifa corrida, ou
seja, fato consumado?
Está ai, aberto um precedente que deixa claro, que imaginamos
aqui, como isso começou, não temos dimensão de como isso irá acabar, mas uma
coisa é líquida e certa, nós estamos pagando essa conta.
O Hospital Municipal Dr. Alípio Correa Netto, que fica no meu
bairro aqui na Zona Leste, não tem esparadrapo, bandagens, sequer macas, tem
paciente jogado no chão, em cima de um colchonete, pois dizem não ter verba no
orçamento para isso, no entanto, o contribuinte assiste uma "parceria"
num compadrio sem paradigma, enquanto o povo morre na fila, sem ser socorrido.
Só posso dizer que é lamentável, sob todos os aspectos.
Publicada por Paulo Cavalcanti
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