Discutir o combate à corrupção no Brasil. Com este objetivo,
o diretório do PCdoB de Osasco promoveu um debate na sexta-feira, 30 de março.
Para falar sobre o tema foram convidados os deputados federais João Paulo Cunha
(PT-SP) e Protógenes Queiróz (PCdoB-SP). Cerca de 150 pessoas estiveram no
auditório da Associação Comercial e Empresarial de Osasco e mais 430
acompanharam a transmissão pela internet, feita por meio do site WWW.joaopaulo.org.br
Dois pontos dominaram o debate: as denúncias feitas por meio
do livro “A Privataria Tucana” e o caso envolvendo a forte ligação entre o
senador Demóstenes Torres (DEM) e o contraventor Carlinhos Cachoeira. “O deputado Protógenes teve coragem de ir
atrás e conseguiu as assinaturas suficientes para abrir duas CPIs para
investigar esses casos graves. Ele tem feito da luta contra a corrupção uma
bandeira do seu mandato. Todos os brasileiros precisam fazer uma ampla análise
e descobrir como cada um pode ajudar no combate a esta chaga denominada
corrupção”, disse João Paulo.
Ao tratar
especificamente do livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro, o
deputado João Paulo fez um breve resumo sobre como foram as privatizações do
governo Fernando Henrique (PSDB). “A partir de 95, o estado começou a se
desfazer das empresas estatais. Nessa época, o mundo vivia o neoliberalismo.
Diziam que o estado deveria ser pequeno. Essa visão política chegou ao Brasil e
foi vitoriosa. Em 95, quase todo mundo no Brasil apoiava essa ideia. O livro
não discute se foi correto ou não vender as empresas e sim como elas foram
vendidas”, explicou.
O ritmo e o modo
usados para vender as empresas públicas, conforme o parlamentar petista,
geraram críticas e insegurança no país. “Num certo ponto, as pessoas perceberam
que algumas empresas não podiam ser vendidas. Isso foi no começo da década
passada. Aí, resolveram mudar tudo e elegeram o Lula presidente. As pessoas
estavam certas, pois quem salvou o Brasil na mais recente crise mundial foram
os bancos estatais, como a Caixa.”
Silêncio
A postura da mídia frente ao livro de Amaury Ribeiro foi
duramente criticada por João Paulo. “O
maior barulho que temos hoje é o silêncio da grande mídia em relação a este
escândalo. O Privataria Tucana fala de
milhões e milhões que foram roubados e não foi destaque em lugar algum. O
silêncio da mídia é ensurdecedor sobre as denúncias contidas no livro.”
O envolvimento do senador Demóstenes Torres com o
contraventor Carlinhos Cachoeira foi usado por João Paulo para, mais uma vez,
exemplificar como a mídia escolhe o que vai mostrar, atendendo a interesses nem
sempre claros. “ Protógenes, imagina se esse episódio do Demóstenes fosse com o
líder do PT ou do PCdoB no Senado. Imagina o que a mídia já teria feito. Agora,
a Globo, de tanta vergonha, começou a fazer algumas matérias sobre este caso.”
Genocidas
O inconformismo do deputado Protógenes diante da corrupção
ficou claro após uma dura comparação.
“Qual a diferença entre um administrador público que lesa um hospital e
um assassino? O homicida tira a vida de apenas um. Quem rouba da saúde púbica
mata muitos, é um verdadeiro genocida. Para mim, os verdadeiros tubarões, os verdadeiros
bandidos estão fora da cadeia. Continuam por aí dando as cartas. Eles deveriam
estar presos e nem banho de sol deviam tomar”, afirmou o ex-delegado da Polícia
Federal.
.Após expor sua
aversão, Protógenes revelou alguns motivos que o levaram a lutar pela abertura
da CPI da Privataria Tucana. “Coletei assinaturas na última semana de dezembro,
uma época difícil no Congresso. Mas por que tratar desse tema no parlamento?
Nos anos 90, os tucanos disseram que se vendêssemos nossas empresas estatais, nossos
problemas nas áreas de educação, saúde e segurança estariam resolvidos.
Infelizmente, essas áreas pioraram. Diante disso, queremos saber se houve ou
não a pratica de ilícitos durante as privatizações. Queremos saber qual a
responsabilidade da família do José Serra, que é denunciada no livro, e passar
a limpo tudo o que houve nesse período, tudo que está no livro.”
Inocência
Questionado sobre um possível constrangimento por debater ao
lado de alguém que é réu de um processo sobre corrupção, Protógenes foi
categórico. “Não me sinto constrangido por estar ao lado do deputado João
Paulo. Não é de qualquer um que sento ao lado. Se estou ao lado dele é porque
conheço sua trajetória. Reafirmo e confio na inocência do deputado João Paulo.
Só pra lembrar, na Câmara ele foi um dos primeiros a assinar os pedidos das
CPIs por meio das quais poderemos investigar a Privataria e o caso do Carlinhos
Cachoeira.”
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