Por: Terry Wade e Guido
Nejamkis, da Reuters
Ministra Belchior diz
que ajuste fiscal ajudará queda de juros no país
Montevidéu - O controle
mais rígido dos gastos do governo seguirá contribuindo para que o Banco Central
mantenha sua política de redução da taxa de juros, disse no sábado a ministra
do Planejamento, Miriam Belchior.
"O esforço fiscal
ficará, como diz nossa presidenta. Nós faremos a parte do esforço fiscal
necessária para gerar condições para que o Banco Central possa seguir nesta
linha que vem adotando nos últimos meses", afirmou a ministra em entrevista
à Reuters.
"No ano passado
fizemos um corte de 50 bilhões (de reais), este ano de 55 (55 bilhões de
reais), exatamente para ter condições de que a política monetária possa fazer
esse movimento", disse.
Numa tentativa de
estimular o crescimento econômico, que caiu para 2,7 por cento no ano passado,
ante 7,50 por cento em 2010, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu na
sua última reunião, na semana passada, reduzir a taxa Selic em 0,75 ponto
percentual, para 9,75 por cento ao ano.
A taxa de juros ainda
está entre as mais altas do mundo e tem sido responsabilizada por contribuir
para a valorização do real e por prejudicar a competitividade das exportações
brasileiras. O ponto mais baixo já atingido foi 8,75 por cento em 2009, quando
o Brasil reduziu os juros durante a crise financeira global.
A maioria dos
economistas estima que o país alcançará crescimento de 3,3 por cento este ano,
um ritmo lento para um dos BRICS. A ministra, no entanto, se mostrou mais
otimista.
"Estamos
trabalhando para crescer entre 4,5 e 5 por cento", disse Belchior, que
citou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o aumento do salário
mínimo como fatores importantes para impulsionar a economia.
"Essa é a grande
orientação no governo, a determinação da presidenta que o investimento empurre
a nossa economia este ano", disse em Montevidéu, onde participou da
assembleia anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Segundo a ministra, as
políticas monetária e fiscal estão em sincronia e caminhando na mesma direção,
o que considera uma grande mudança do mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva para o da presidente Dilma Rousseff.
"Neste momento é
possível fazer um novo mix entre a política fiscal e a política
monetária", disse a ministra.
"É isso que está
permitindo essa queda contínua das taxas de juros, que é uma meta importante
para o governo brasileiro no sentido de gerar talvez essa condição que falta
para nossa economia, a queda nas taxas de juros. E isso é o que estamos
fazendo", afirmou.
O governo tem sido alvo
de críticas por falta de uma reforma fiscal mais ambiciosas. Miriam Belchior
lembrou que o governo enviou um projeto de lei ao Congresso que cria um regime
de previdência complementar para os servidores públicos.
"Vemos isto como
uma importante medida para reduzir os gastos no médio e longo prazo. É uma
prioridade para o governo", disse, referindo-se ao Fundos de Previdência
Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp). O texto foi aprovado na
Câmara dos Deputados em fevereiro.
"A Câmara dos
Deputados já aprovou esta iniciativa, que agora se encontra no Senado. Esperamos que seja aprovada na primeira
metade do ano", acrescentou.
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