sábado, 31 de março de 2012

No Pontal do Paranapenama, Alckmin legaliza a maior grilagem já vista no Estado


O governador aprovou projeto do agronegócio e perde, assim, chance de estimular agricultura familiar. Parlamentares do PSDB e da base aliada aos tucanos do governo  Alckmin aprovaram o projeto de lei que facilitará a regularização das terras griladas do Pontal do Paranapanema, Oeste paulista. Segundo o deputado Simão Pedro (PT), com este projeto, o governo Alckmin prejudica novos assentamentos destinados à reforma agrária e opta pela cana, o agro e o grande negócio rural em detrimento da agricultura familiar. A questão insolúvel do Pontal se arrasta desde os governos estaduais biônicos (nomeados) da ditadura militar, continuou emperrada nos últimos 30 anos, desde o 1º governo tucano no Estado - o de Franco Montoro - continuou amarrada nos de seus aliados (Orestes Quércia e Fleury Filho), bem como nos dos tucanos Mário Covas e José Serra e nos três governos de Alckmin. Não está solucionada com o projeto aprovado. Acompanhem a entrevista do deputado Simão Pedro.
Parlamentares do PSDB e da base aliada aos tucanos do governo Geraldo Alckmin aprovaram o projeto de lei que facilitará a regularização das terras griladas - hoje em mãos de posseiros - do Pontal do Paranapanema, Oeste paulista. Conseguem, assim, promover a legalização da maior grilagem já vista na história do Estado.
Segundo o deputado estadual Simão Pedro (PT), com este projeto, o governo Alckmin prejudica a possibilidade de instalação de novos assentamentos destinados à reforma agrária e opta pela cana, o agro e o grande negócio rural em detrimento da agricultura familiar.
A questão insolúvel do Pontal do Paranapanema se arrasta desde os governos estaduais biônicos (nomeados) da ditadura militar. Continuou emperrada nos últimos 30 anos, desde o 1º governo tucano no Estado, o de Franco Montoro (1983-1986), e continuou amarrada nos de seus aliados - Orestes Quércia e Luiz Antônio Fleury Filho.
O impasse prosseguiu nas administrações tucanas de Mário Covas e José Serra e nos três governos de Alckmin. E não está solucionado com o projeto aprovado agora. Acompanhem a entrevista do deputado Simão Pedro, um dos que atuaram para mudar e limitar o projeto do governo, lamentavelmente, aprovado nesta semana na Assembleia Legislativa (ALESP).
Qual a sua avaliação sobre o projeto encaminhado pelo governador para a regularização das terras do Pontal?
[ Simão ] Hoje, 80% das terras do Pontal são públicas - foram griladas, têm documentos falsificados ou foram passadas para terceiros. O governo tucano pretende regularizar a situação destes posseiros que vão de médios a grandes produdores. O projeto aprovado, porém, é retrógrado porque se orienta por uma visão de desenvolvimento muito atrasada.
Nós, do PT, não somos contra o agronegócio, que tem um papel importante para a economia, mas o Pontal era a única região do Estado com boa extensão de terras devolutas, onde poderíamos ter novos assentamentos. O projeto do governo põe um fim nesta possibilidade. Por ele as terras serão entregues aos posseiros que ocuparam irregularmente as áreas públicas.
O que propunha o projeto original e quais mudanças a oposição conseguiu?
[ Simão  ] Nós não conseguimos impedir a aprovação, mas inserimos algumas alterações que não irão prejudicar tanto os trabalhadores rurais. O governo Alckmin praticamente repetiu a mesma proposta de 2003 (Alckmin), de legalizar terras de até 500  hectares. Conseguimos condicionar a legalização para que ela ocorra apenas nas terras não aptas para a reforma agrária. Nós fomos  contra e sugerimos como limite máximo para a legalização terras, de até 200 hectares. O governo recusou.
Então, o possível foi limitar a legalização de pequenas e médias propriedades de acordo com os critérios da legislação federal que definem como média propriedade no Brasil aquela que tem 15 módulos fiscais. Com esta intervenção, nós conseguimos salvar, pelo menos, 20% das áreas. Desta vez, também, o governo Alckmin propôs que ao invés de pagarem (as terras invadidas) em 72 parcelas, os posseiros teriam de quitar em 36 meses. Obviamente,  assim, mantivemos nosso voto contrário à proposição.
O que está por trás desse projeto?
[ Simão ] O governo Alckmin alega que irá beneficiar 32 mil proprietários. Os fazendeiros e os usineiros querem uma segurança jurídica para que as terras possam ser arrendadas sem que ocorram assentamentos de reforma agrária. Há umas vinte plantas, projetos de usinas de cana para a região. Grande parte pretende arrendar, ao invés de produzir alimentos ali. É uma visão completamente atrasada do governo tucano.
Fizemos o possível para segurar algumas áreas devolutas (não passíveis de serem legalizadas) para novos assentamentos e para o desenvolvimento da agricultura familiar na região. Temos ali mais de 5 mil familias assentadas que poderiam ser beneficiadas por novas políticas de fortalecimento da pequena produção como o PRONAF e CONAF (programas de financiamento da agricultura familiar). Medidas, aliás, que estimulam a compra dos produtos pelo Estado para atender demandas como merenda, alimentação de presídios etc.
Qual a solução para o Pontal do Paranapanema?
[ Simão ]  Para o Pontal do Paranapanema, nós sempre defendemos um modelo de desenvolvimento que girasse em torno da agricultura familiar, com pequenas agroindustrias para a produção. Mas, para isso, o Estado de São Paulo precisaria investir, levar cursos, enfim, ter outra visão de desenvolvimento diferente à da agroindustria.
Agora, eles vão plantar cana nessas terras, o que não gera emprego, expulsa o trabalhador do campo e exige grandes extensões de terra com mão de obra precária. É uma visão completamente atrasada que irá, inclusive, expulsar famílias que poderiam ser assentadas para a reforma agrária.

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