A instituição Rede Globo está em prantos. Também choram
alguns de seus repórteres esportivos mais “cacifados”. Encabeçam essa lista, na
noite de hoje, Renato Ribeiro e Tino Marcos. Foram esses os encarregados do
obituário de Ricardo Teixeira na presidência da Confederação Brasileira de
Futebol (CBF). E lamentaram tal qual William Bonner lamentou, alguns anos
atrás, a morte de Roberto Marinho. Lamentaram a morte política de um de seus
chefes mais queridos: o presidente da CBF.
A ESPN denuncia volta e meia, mas, sem TV aberta, pouco se
fala sobre a subserviência de algumas empresas e repórter à CBF e ao seu agora
ex presidente. Globo e CBF andam de mãos dadas e rabo preso há anos. Quando
Fábio Koff conseguiu se reeleger presidente do Clube dos 13, era nos direitos
de transmissão do Campeonato Brasileiro que mirava a Globo ao apoiar seu
opositor. Koff queria a revisão dos contratos. A Globo tem preferência mesmo
que ofereça menos dinheiro do que oferecem as outras emissoras. A CBF é uma
empresa privada, que comanda o futebol brasileiro e é comandada há mais de duas
décadas pela mesma pessoa. Ao contrário do que diz sobre Cuba ou Venezuela, a
Globo não chama o futebol brasileiro de ditadura. Ricardo Teixeira é “o presidente”.
Na noite desta segunda-feira, o Jornal Nacional levou ao ar
duas reportagens sobre a renúncia de Ricardo Teixeira. Acossado por denúncias e
mais denúncias de corrupção, o ex faraó do futebol brasileiro alegou problemas
de saúde e foi de mala e cuia para Miami. Sua carta de renúncia foi lida por
seu sucessor e aliado, José Maria Marin.
A primeira matéria é de Renato Ribeiro, mas mais parece um
release da CBF. Cita trechos da carta de renúncia e diz que Teixeira “estava
licenciado por motivos de saúde”, sem sequer questionar o que é questionado por
todos os lados.
Na segunda matéria, de Tino Marcos, há uma lembrança saudosa
da posse de Ricardo Teixeira, em 1989, e são enfileirados os títulos da Seleção
Brasileira, como se o mérito fosse do cartola. Faz jus à reclamação do ex dono
do futebol brasileiro, veiculada por Renato Ribeiro: “Fui subvalorizado nas
vitórias”, escreveu em sua carta de renúncia que não teve sequer a coragem de
ler. E Tino Marcos chama as medidas tomadas pelo chefão de “benéficas à economia
dos clubes”.
Além disso, como comentou um jornalista no Facebook, a
matéria “não fala nada sobre as denúncias dos últimos dois meses contra o
Teixeira, que são indispensáveis pra que se entenda o motivo dessa renúncia em
23 anos”. E completa: “O que eu achei grave na matéria do Tino Marcos é que se
faz um balanço da gestão Teixeira e eles dão uma pincelada sobre ‘polêmicas’ só
pra dizer que tá ali, e rezando pra que ninguém preste atenção nisso. Não são
‘polemicas e desafetos’ que o teixeira teve na administração dele. foram
acusações de desvio de dinheiro, de escandalos envolvendo a Nike, e não ‘uma
distribuidora de artigos esportivos’. É tudo eufemismado”.
O espaço é todo para as posições e justificativas de Ricardo
Teixeira. Os repórteres seguem à risca a relação de amizade construída ao longo
de todos esses anos entre o ex presidente eterno da CBF e a (quiçá futura ex)
presidenta eterna da comunicação brasileira. Globo e Ricardo Teixeira se
beneficiaram muito um do outro. Que morram abraçados. Ambos foram e são
prejudiciais ao povo brasileiro.
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