Por Gustavo Gindre, em seu blog:
Na década de 90, dois grupos empresarias brasileiros
despontavam entre os principais grupos de mídia da América Latina. Depois da
Globo, o outro grupo brasileiro era a Abril.
Desde então, a Abril Midia é uma coleção de fechamentos e
venda de empresas ou participações acionárias. A Abril fechou a gravadora Abril
Music, o site Usina do Som e os canais de TV paga Fiz TV e Idea TV. Vendeu sua
participação na HBO Brasil, na DirecTV Latin America, na ESPN Brasil, no
Eurochannel, na TVA MMDS, na TVA Cabo e no UOL, entre outras.
Hoje a Abril se resume basicamente à editora e sua gráfica, à
DGB (holding de distribuição e logística que é um verdadeiro monopólio nas
bancas de jornais), à Elemídia (que instala monitores informativos em hotéis,
elevadores, aeroportos, etc) e ao canal de TV paga MTV Brasil. Além dos sites
de cada um destes veículos. Um grupo de mídia pequeno para o cenário de
convergência que vivemos.
Cabe registrar que a MTV Brasil (que licencia a marca da
Viacom) vive às voltas com o fantasma dos cortes de gastos e demissão de
pessoal. Sua duração no longo prazo é constantemente posta em dúvida.
Para piorar, os Civita venderam 30% da Abril (o limite
permitido pela Constituição Federal) aos sul-africanos do Naspers (donos, no
Brasil, do site Buscapé). O Naspers, quando se chamava Die Nasionale Pers, foi
o órgão de imprensa oficioso do povo africâner e porta-voz do apartheid. Pieter
Botha e Frederik de Klerk foram membros do board do Naspers.
Ou seja, a Abril vive hoje do prestígio da revista Veja. Sem
ela, os Civita já teriam virado empresários de porte médio do setor de
comunicações, irrelevantes para o futuro do setor no Brasil.
E, segundo denúncias de Luis Nassif, sabedores dessa
situação, os Civita tratam de inflar de todos os modos as vendas da Veja,
inclusive com uma ajuda substancial do governo de São Paulo, que adquire
milhares de assinaturas.
Cada vez mais fracos, mais temerosos do futuro, a tendência é
que elevem o tom de voz na crítica a qualquer regulação das comunicações no
Brasil. E se aproveitem da falta de vontade política do governo para enfrentar
o tema e blefem com um poder político que, se um dia o tiveram, hoje com
certeza já se esvaiu quase todo.
PS: como não são bobos e sabem que seu horizonte se estreita,
os Civita resolveram colocar os ovos em outro cesto e passaram a investir em
educação, criando uma outra empresa, sem relações com a Abril Mídia, chamada
Abril Educação. Quando a Veja for de vez para as calendas, é de educação
privada que eles irão viver.
Postado por Miro
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