sábado, 31 de março de 2012

Gabrielli e as lembranças do mar cinzento


O advogado Rui Patterson, autor do livro “Quem fica samba – memórias de um ex-guerrilheiro”, ex-preso político, em artigo publicado no jornal A Tarde (20/03/2012) intitulado "Mais lembranças do mar cinzento", conta um “causo” que se passou com José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, nos anos 70.
Zé Sérgio tinha 26 anos, era militante da Ação Popular (AP) e Editor de Notícias Internacionais no jornal Tribuna da Bahia. Ele traduzia e publicava telegramas da agência de notícias Associated Press (AP). O coronel Luiz Arthur de Carvalho, Superintendente da Polícia Federal, numa de suas inspeções na redação, avistou Zé Sérgio e o provocou: “Gabrielli, como vai a AP?”, referindo-se à organização revolucionária Ação Popular. “Vai indo bem, coronel, mandando muitas notícias”, retrucou Gabrielli, referindo-se à Associated Press (AP).
José Sérgio Gabrielli, estudou Economia, foi presidente do Diretório Central dos Estudantes, obteve o título de Doutor em Economia, pela Universidade de Boston, foi diretor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFBA e Pró-Reitor de Pesquisa e Graduação.  Foi fundador do Partido dos Trabalhadores na Bahia. Cumpriu pena junto com Emiliano José, José Carlos Zanetti, Carlos Sarno e Paulo Pontes, entre tantos outros.  O coronel Luiz Arthur de Carvalho, no comando da Polícia Federal, prendeu e torturou militantes de esquerda, combatentes contra a ditadura. Está morto e ninguém se lembra dele. No dia da posse de Zé Sérgio como Secretário do Planejamento da Bahia, Rui Patterson murmurou: Zé, é como se nós todos estivéssemos tomando posse”.
José Sérgio Gabrielli, em 1990, para fazer o PT crescer, foi anticandidato ao governo da Bahia pelo Partido dos Trabalhadores. Carismático, bem-humorado, ele trata carinhosamente os militantes que o cercam como “meus pitbulls”. Mas, agora, a candidatura ao governo da Bahia é para valer.

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