Ricardo Augusto Joaquim de Oliveira, 47 anos, foi assassinado
ontem com cinco tiros enquanto participava de uma reunião do seu partido, o PPL
– Partido da Pátria Livre, cujo grupo original é o MR-8. Ele foi secretário de
Governo do Guarujá até o último dia 2, quando foi exonerado pela atual prefeita
da cidade.
A execução foi uma reprise de tantos outros casos. Neste, uma
moto estacionou em frente a casa onde a reunião acontecia com aproximadamente
30 pessoas e dela desceram dois homens que entraram na casa com capacete e
roupa de motoqueiro. Um deles ficou na porta de entrada ameaçando os presentes
e o outro foi em direção ao ex-secretário. Disparou dois tiros e ainda foi
checar se ele estava realmente morto antes de sair.
Guarujá tem um histórico tenebroso de assassinatos de
personagens políticos nos últimos anos. Em 2010 o vereador Luis Carlos
Romazzini (PT), 45 anos, que conheci, também executado com cinco tiros na casa
onde morava, em Vicente de Carvalho.
Romazzini caminhava para ser o candidato do PT nas eleições deste ano.
Em outubro de 2008, foi o vereador Williams Andrade Silva
(PP), de 41 anos, conhecido como Frank Willian, executado na Praia da Enseada
por dois homens armados que também estavam em uma moto.
Em novembro de 2001, o vereador Ernesto Pereira (PTN), de 38
anos, levou 12 tiros a uma quadra de sua casa, no Condomínio Terra de São José.
Ele cumpria o seu segundo mandato como vereador. Quatro anos antes, em maio de 1997, o vereador
Orlando Falcão foi morto a tiros em um bar.
Não se pode dizer que há conexão direta entre os
assassinatos, mas não se pode fazer de conta que vida democrática segue seu
curso normal no Guarujá e nem na região da Baixada Santista, onde grupos que se
articulam com o crime organizado têm cada vez mais poder.
A Baixada é um problema, porque pelo Porto de Santos entra
boa parte do contrabandos e da droga que circula no Brasil e isso leva aos
grupos que operam esse esqeuam a serem mais fortes e influentes. Mas na região
Oeste da grande São Paulo a situação também é preocupante. O assassinato do
prefeito de Jandira, Brás Paschoalin (PSDB), em dezembro de 2010, não foi um
acidente de percurso.
Se nas eleições para cargos estaduais e federais o poder
dessa rede paralela não é tão forte, em muitos municípios ele decide eleições.
E governa depois.
Este blogue não está relacionando o assassinato do
ex-secretário do Guarujá ao crime organizado, até porque não tem informações
suficientes para isso. Mas é fato que esse tipo de execução está se tornando
padrão. Uma moto, dois homens, muitos tiros e uma investigação que depois não
chega a nada.
Fazer de conta que isso é algo normal é o melhor caminho para
levar o Brasil a um processo semelhante ao vivido hoje pelo México. Ainda
estamos distantes disso, mas não se pode negar que estamos firmes nessa trilha.
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