segunda-feira, 12 de março de 2012

Execução no Guarujá e a mexicanização da política brasileira


Ricardo Augusto Joaquim de Oliveira, 47 anos, foi assassinado ontem com cinco tiros enquanto participava de uma reunião do seu partido, o PPL – Partido da Pátria Livre, cujo grupo original é o MR-8. Ele foi secretário de Governo do Guarujá até o último dia 2, quando foi exonerado pela atual prefeita da cidade.
A execução foi uma reprise de tantos outros casos. Neste, uma moto estacionou em frente a casa onde a reunião acontecia com aproximadamente 30 pessoas e dela desceram dois homens que entraram na casa com capacete e roupa de motoqueiro. Um deles ficou na porta de entrada ameaçando os presentes e o outro foi em direção ao ex-secretário. Disparou dois tiros e ainda foi checar se ele estava realmente morto antes de sair.
Guarujá tem um histórico tenebroso de assassinatos de personagens políticos nos últimos anos. Em 2010 o vereador Luis Carlos Romazzini (PT), 45 anos, que conheci, também executado com cinco tiros na casa onde morava, em Vicente de Carvalho.   Romazzini caminhava para ser o candidato do PT nas eleições deste ano.
Em outubro de 2008, foi o vereador Williams Andrade Silva (PP), de 41 anos, conhecido como Frank Willian, executado na Praia da Enseada por dois homens armados que também estavam em uma moto.
Em novembro de 2001, o vereador Ernesto Pereira (PTN), de 38 anos, levou 12 tiros a uma quadra de sua casa, no Condomínio Terra de São José. Ele cumpria o seu segundo mandato como vereador.  Quatro anos antes, em maio de 1997, o vereador Orlando Falcão foi morto a tiros em um bar.
Não se pode dizer que há conexão direta entre os assassinatos, mas não se pode fazer de conta que vida democrática segue seu curso normal no Guarujá e nem na região da Baixada Santista, onde grupos que se articulam com o crime organizado têm cada vez mais poder.
A Baixada é um problema, porque pelo Porto de Santos entra boa parte do contrabandos e da droga que circula no Brasil e isso leva aos grupos que operam esse esqeuam a serem mais fortes e influentes. Mas na região Oeste da grande São Paulo a situação também é preocupante. O assassinato do prefeito de Jandira, Brás Paschoalin (PSDB), em dezembro de 2010, não foi um acidente de percurso.
Se nas eleições para cargos estaduais e federais o poder dessa rede paralela não é tão forte, em muitos municípios ele decide eleições. E governa depois.
Este blogue não está relacionando o assassinato do ex-secretário do Guarujá ao crime organizado, até porque não tem informações suficientes para isso. Mas é fato que esse tipo de execução está se tornando padrão. Uma moto, dois homens, muitos tiros e uma investigação que depois não chega a nada.
Fazer de conta que isso é algo normal é o melhor caminho para levar o Brasil a um processo semelhante ao vivido hoje pelo México. Ainda estamos distantes disso, mas não se pode negar que estamos firmes nessa trilha.

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