Paulo Henrique Amorim
Mande prender, presidente !
Na madrugada de 24 de agosto de 1954, o Ministério de Vargas
se reuniu no Palácio do Catete para enfrentar a crise que Carlos Lacerda tinha
engendrado com o atentato ao Major Vaz.
O jovem Ministro da Justiça, Tancredo Neves, sugeriu que o
Ministro da Guerra, Zenóbio da Costa, formasse uma patrulha de confiança, com
homens da Vila Militar, e prendesse os cabeças do Golpe.
Treze generais haviam assinado um Manifesto que pedia a
renúncia de Vargas.
Só um deles comandava tropa.
(Leia o imprescindível “A Era Vargas”, de Jose Augusto
Ribeiro, Casa Jorge, Volume 3, pág. 206, no capitulo “Alzira (filha de Vargas)
contesta Xenóbio”.)
Zenóbio, o Ministro da Guerra, que conspirava para continuar
Ministro do governo seguinte, disse a Tancredo: se fizermos isso, seremos
esmagados.
Tancredo respondeu:
– Poucos homens têm na vida a oportunidade de morrer por uma
boa causa, general. Por que não aproveitamos esta ?
(O ansioso blogueiro se vale de conversa com Mauro Santayana,
autor de importante artigo sobre a Anistia e Tancredo.)
Essas reflexões surgiram com a notícia de O Globo (que ajudou
a dar um tiro no peito de Vargas), na pág. 16 deste sábado:
“Cresce adesão de militares a manifesto”
“Dilma agora ameaça punir os 325 oficiais que já assinaram o
‘Alerta à Nação’, entre eles 44 generais da reserva.
Os signatários são TODOS da reserva, não aceitam a
legitimidade do Ministro da Defesa (e grande chanceler) Celso Amorim, e se
insubordinam com a “Comissão da Verdade”.
Como fez, sempre, Roberto Marinho volta a bater na porta dos
quartéis para assegurar a sobrevivência e prosperidade de seus negócios.
Em tempo: hoje, na Folha (*), na pág. 2, no espaço do Clovis
Rossi, há uma súmula da atual “racionalidade” das vivandeiras de quartel:
(…) “Indo um pouco mais longe, acho que daria até para
argumentar que os oficiais da reserva remunerada, que podem eventualmente ser
chamados para o serviço ativo, também estejam submetidos ao regime disciplinar
e hierárquico dos militares.
Parece-me um exagero, porém, que as leis e regulamentos
castrenses permitam enquadrar e punir por desrespeito à hierarquia os oficiais
reformados, que são, para todos os efeitos, cidadãos aposentados.
Se essas regras são constitucionais, temos uma situação em
que as obrigações diferenciadas exigidas dos militares se tornam perpétuas, o
que se assemelha mais a disposições da ordem escravocrata ( sic ) do que aos
contratos típicos do mundo livre.”(…)
Em tempo2: como sabe, o dono da Folha (*) (ele, como Roberto Marinho, ainda não “nos
falta”), o “seu” Frias combateu na Guerra da Secessão de 1932 e cedeu os carros
de reportagem do jornal aos torturadores do regime militar.
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