Posted by eduguim
A frase que intitula este texto deriva de brincadeira que
tomou as redes sociais na internet na última sexta-feira por conta de mais uma
“denúncia” do jornal Folha de São Paulo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva – sobre palestras que ele dá no exterior.
A tal “denúncia” virou motivo de piada porque pretendeu negar
a um cidadão em pleno exercício de seus direitos constitucionais a prerrogativa
de todo ex-presidente da República de ter apoio do Estado ao fim de seu mandato
e o direito a atividades estritamente privadas que a outros ex-presidentes
jamais foram negadas.
Aqui e em muitos outros países democráticos – como nos
Estados Unidos, por exemplo – ex-presidentes se tornam instituições nacionais.
Além de direito a segurança e a proventos, quase todos eles se tornam
palestrantes e são remunerados por isso – com maior ou menor êxito.
De Bill Clinton a Fernando Henrique Cardoso, ex-presidentes
fundam institutos que levam seus nomes e que reúnem acervos contando a história
de suas passagens pela Presidência, além de desenvolverem estudos políticos,
econômicos e sociais.
Outro ex-presidente norte-americano que têm um instituto que
atua fortemente em consonância com seu patrono é o prêmio Nobel da Paz Jimmy
Carter, que atua em direitos humanos e até em fiscalização de eleições em
várias partes do mundo, além de o próprio Carter ser um renomado palestrante.
FHC deu muita palestra remunerada, tem direito a todos os
benefícios do Estado concedidos a Lula, inclusive suporte em missões no
exterior, pois não se imagina que quando um ex-presidente visita outro país a
representação diplomática desse país o trate como qualquer um.
No entanto, no dia seguinte à denúncia da Folha de que Lula
faz o que tantos outros ex-presidentes fazem em termos de palestrar no exterior
com despesas e até honorários pagos pelos anfitriões, o jornal voltou à carga
“denunciando” que as representações diplomáticas brasileiras lhe dão suporte
quando visita os países em que estão sediadas.
Nunca se viu isso em relação a nenhum outro ex-presidente.
Até uma doação de quase meio milhão de reais de dinheiro público ao
ex-presidente FHC não mereceu da própria Folha mais do que uma notinha
escondida nas páginas internas – e que após ser publicada nunca mais foi
notícia.
A “denúncia” contra Lula, porém, além de ganhar destaque
principal na primeira página do jornal na sexta-feira continuou sendo martelada
no sábado, agora sob a “revelação bombástica” de que a visita de um
ex-presidente a outros países gera custos às representações diplomáticas
brasileiras sediadas neles.
Eis por que faz todo sentido a piada que surgiu na internet.
O jornal em questão, bem como alguns outros veículos da imprensa escrita e
eletrônica, passaram anos tentando derrubar Lula da Presidência da República e,
agora, querem derrubá-lo da condição de ex-presidente.
Nesse ponto, vale uma reflexão: o que a última pesquisa
Datafolha sobre a sucessão presidencial de 2014 e a mais nova “denúncia” contra
o ex-presidente têm a ver uma com a outra? Na opinião deste que escreve,
pesquisa e denúncia têm tudo a ver.
As duas iniciativas de uma das quatro cabeças da hidra
reacionária e despótica que há 500 anos aterroriza o Brasil decorrem da mesma
obsessão da direita midiática em derrotar Lula através da arma mais poderosa de
que ela sempre dispôs: a difamação.
E impedir a reeleição de Dilma Rousseff não passa de outro
capítulo dessa odisseia reacionária, pois seu governo é produto do respeito, da
admiração e da confiança que a maioria massacrante do povo brasileiro concedeu
e continua concedendo ao ex-presidente.
A tal “principal arma” da dita “imprensa” que atua como
partido político de oposição perdeu a eficácia contra Lula e não foi por acaso.
Isso porque esses veículos ainda acreditam que podem inventar um cenário para o
país e fazê-lo virar realidade.
Um dos fenômenos administrativos mais comentados é a
preservação da condição de vida dos brasileiros em um momento em que o mundo
padece sob a crise econômica mais grave da história. Contudo, a oposição
brasileira e sua mídia insistem em tentar pintar uma realidade totalmente
diferente.
Oposicionistas queridinhos da mídia vivem dizendo que o país
“está em frangalhos” apesar de a qualidade de vida no Brasil ser hoje a melhor
em toda sua história, com pleno emprego, crescimento e distribuição de renda a
todo vapor. E a mídia endossa tal premissa oposicionista.
Sempre digo que quem votou em Lula em 2006 e em sua indicada
em 2010 apesar da tempestade de acusações contra ele e ela durante aqueles
processos eleitorais – e que hoje está sendo recompensado por isso –,
dificilmente mudará de opinião.
Não existe nenhuma acusação a Lula hoje que não tenha sido
feita até 2010, ano em que colheu sua terceira estrondosa vitória eleitoral
consecutiva sobre seus inimigos políticos, que há muito deixaram de ser
adversários.
Note-se que o período mais fértil para tais inimigos lograrem
desmoralizá-lo e inflarem o anti-Lula da vez foi entre 2008 e 2009, quando o
desemprego aumentou e a renda das famílias sofreu alguma queda devido à crise
internacional.
Todavia, nem quando aquele período crítico lambeu a condição
de vida dos brasileiros Lula sofreu perda de popularidade. Isso ocorreu porque
ficou claro para a sociedade que o que ocorria era conjuntural e que o governo
saberia reverter a situação, como de fato reverteu.
E é claro que as medidas populares que Dilma vem tomando,
como reduzir os juros, o preço da energia elétrica, os impostos da cesta básica
e tudo mais que vem fazendo em benefício da população, ajudam a aumentar ainda
mais a aprovação da presidente.
Assim, ao menos mais da metade do eleitorado brasileiro está
convencido de que a dita “grande imprensa” é inimiga de Lula e Dilma e aliada
de seus opositores e, por conta disso, não leva em conta seus ataques a eles.
Não é pouca coisa que em plena tempestade de “notícias ruins”
exageradas ou inventadas que a mídia oposicionista tenta contrapor à realidade
concomitantemente com a glamourização de possíveis adversários de Dilma no ano
que vem, que ela e Lula apareçam como virtualmente eleitos em primeiro turno
naquele pleito.
E o que é mais: os adversários dos petistas que vêm sendo
incensados por esses veículos – quais sejam, Marina Silva, Eduardo Campos e
Aécio Neves, sem falar do imorredouro amor midiático por José Serra, que já
virou obsessão – em vez de se beneficiarem da artilharia midiática antipetista,
perderam votos.
O fato, portanto, é que uma crescente maioria dos brasileiros
sabe direitinho que há em curso uma conspiração dos mais ricos contra os
avanços sociais que a maioria empobrecida ou remediada vem experimentando.
É óbvio que não se pode cantar vitória antes do tempo, até
porque golpes de última hora continuarão sendo engendrados até o fechamento das
urnas em 2014. Contudo, está claro que a estratégia de inventar uma realidade
sobre o país ou difamar Lula e Dilma, não vai funcionar.
Mas a pior notícia para a oposição vem agora: só como
exercício, venho tentando engendrar uma estratégia mais inteligente contra os
petistas e a conclusão a que chego é a de que a estratégia em curso é a única
possível, a despeito de seus defeitos insanáveis.
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