Após 21 anos, governo
tucano pede mais uma década para limpar o rio Tietê
Após angariar recursos japoneses que não resolveram o
problema,
Alckmin e Dilma contarão com apoio de Coutinho (centro) para
despoluir o rio
Foto: Brazil Photo Press/Folhapress
Promessa da Sabesp agora é de que em 2025 o rio terá 'fauna
diversificada'; terceira fase tem financiamento de R$ 1,35 bilhão do BNDES
São Paulo – A diretora-presidenta da Sabesp, Dilma Pena,
disse na tarde de hoje (15) no Palácio dos Bandeirantes que, “em 2020, toda a
bacia do Alto Tietê não será rio morto. Terá oxigênio e portanto terá vida e
peixes de espécies mais resistentes. Em 2025, a parte do rio Tietê na cidade de
São Paulo terá uma fauna aquática já mais diversificada”.
A afirmação foi feita em cerimônia de assinatura de
financiamento de R$ 1,35 bilhão do governo de São Paulo com o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investimentos destinados ao
Projeto Tietê. O governador Geraldo Alckmin, Dilma Pena e o presidente do BNDES,
Luciano Coutinho, participaram da cerimônia no Palácio dos Bandeirantes. O
montante será aplicado pela Sabesp na capital e em mais 27 cidades da Grande
São Paulo.
Iniciado em 1992, o projeto de limpeza entrará, com recursos
federais, na terceira fase. A promessa mais recente, de 2009, indicava que até
2018 a despoluição no trecho urbano estaria concluída. Segundo Dilma Pena, essa
fase, a ser concluída em 2015, prevê que “até a barragem da Penha (zona leste
da capital) o rio terá boas condições e no Alto Tietê ele estará vivo”. No
entanto, a diretora-presidenta da Sabesp reconhece que, mesmo no final de 2015,
a parte do Tietê que passa pela capital ainda estará poluída. Ela afirma também
que a meta é que até o final da década o rio esteja “saudável”.
Segundo ela, os investimentos em infraestrutura, tratamento e
coleta de esgoto feitos pelo governo precisam ser acompanhados da gestão do
problema do lixo pelas administrações municipais, um dos grandes problemas
causadores da poluição do rio. “É muito importante que as prefeituras tenham
serviços de limpeza urbana mais eficientes, e que cada cidadão cuide melhor do
lixo que produz.”
O governador Geraldo Alckmin, em referência às críticas
comumente feitas à morosidade do Projeto Tietê, afirmou que existem diferenças
entre projetos europeus do mesmo gênero e o de São Paulo. “O Tâmisa, em
Londres, é um rio de foz, tem muita água, e aqui (o Tietê) é um rio de
cabeceira. A 700 metros de altura, em São Paulo, temos 20 milhões de pessoas e
o desafio é muito maior”, comparou.
Alckmin disse que a melhora das condições do rio deve ser
medida pela chamada “mancha de poluição”. Dilma Pena explicou que a “mancha” no
interior do estado recuou de Barra Bonita para Salto, a 160 quilômetros.
Questionada sobre um relatório de Qualidade das Águas
Superficiais no Estado de São Paulo, da Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental (Cetesb), divulgado em 2012 com dados de 2011, de 176 municípios da
Bacia do Rio Tietê, segundo o qual menos de 30% deles possuem sistema de coleta
e tratamento completo de esgoto, a diretora-presidenta da Sabesp afirmou: “Ao
longo de toda a bacia do rio, desde Salesópolis até sua foz, exceto litoral e
Alto Tietê, todas as cidades operadas pela Sabesp terão 100% de esgoto coletado
e tratado até o final de 2014”. Segundo ela, além do Projeto Tietê, por meio do
programa Água Limpa o governo apoia municípios com menos de 50 mil habitantes
na solução de tratamento de esgoto.
A quarta fase do Projeto Tietê, disse Dilma Pena, já conta
com recursos anunciados na semana passada pelo governo federal. “Já temos para
essa fase R$ 1,2 bilhão do BNDES e da Caixa Econômica Federal em regime de
financiamento”, explicou. Essa fase do projeto tem como prioridades coletores
no Anhangabaú e interceptores na zona lesta da cidade. De acordo com a
diretora-presidenta da Sabesp, as licitações dessas obras serão lançadas ainda
este ano.
A primeira etapa do Projeto Tietê (de 1995 a 1998) custou R$
2,6 bilhões. A segunda, de 2000 a 2008, R$ 928 milhões. A terceira fase, que
vai até 2015, custará R$ 3,9 bilhões. A quarta está em planejamento.
O presidente do BNDES afirmou que o governo federal está
“orgulhoso de participar desse projeto”. Disse ainda que em 2012 o governo
destinou cerca de R$ 3,8 bilhões em financiamento de obras públicas para São
Paulo.
Eduardo Maretti - No Rede Brasil Atual
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