domingo, 31 de março de 2013

Veja: "A classe média sofre"




"A classe média sofre", essa é a imagem, não tão sutilmente, estampada na capa da Veja desta semana e alvo de parodia na imagem ao lado.
Para eles é uma situação de "desesperadora" ver as trabalhadoras domésticas passarem a ostentar direitos trabalhistas. O "pânico" é justificável, afinal, sobrará um pouco menos para as compras em Miami.
O tom da cobertura midiática dos grandes veículos foi uníssono ao destacar o aumento no custo para os empregadores, como este aumento impactará nas despesas domésticas para manter uma empregada doméstica.

O jornal francês Le Monde classificou como  "A ‘segunda abolição da escravidão’ para as empregadas domésticas brasileiras", um tom muito diferente e raro de vermos estampados nas manchetes por aqui. A matéria lembra que o Brasil é campeão mundial do trabalho doméstico, de acordo com a Organização Mundial do Trabalho. "Com 6,1 milhões de empregados ‘de casa’, e 15% das mulheres ativas do país, a profissão é a terceira mais exercida pelas mulheres, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. As vagas são ocupadas por cidadãs negras e, em mais de 70% dos casos, de maneira informal".

 A nova legislação  estende à categoria direitos como o controle da jornada de ­trabalho — com limite de 8 horas diárias e 44 horas semanais —, horas extras, FGTS obrigatório e seguro-desemprego. Um direito que já deveria estar em vigor há muito tempo e que agora passará a ser estendido as trabalhadoras domésticas.
Esta situação exemplifica o quanto ainda é necessário avançar na superação das amarras herdadas do nosso passado colonial escravocrata. No século XXI o Brasil começa a superar heranças do século XIX. Neste processo, não faltará o choro da elite a denunciar o "absurdo" que será ter que eles próprios lavar suas louças ou arrumar sua própria cama. Imagina quando começarmos a avançar em temas como as arcaicas legislações referentes a heranças e ao uso social da terra no país?

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