Atos de homenagem ao líder venezuelano em Caracas encerram os
dez dias de luto oficial
Por: do OperaMundi
Carro com o corpo de Chávez percorreu 20 quilômetros em
Caracas (Foto: AVN)
São Paulo – Centenas de milhares de venezuelanos voltaram às
ruas de Caracas hoje (15) em uma procissão funerária para o presidente
venezuelano Hugo Chávez. O corpo de Chávez foi levado pelas ruas da capital, em
um percurso de cerca de 20 quilômetros, da Academia Militar até o Museu da
Revolução, no Quartel da Montanha, no bairro de 23 de Janeiro, zona oeste da
capital.
Os eventos de sexta-feira são o fim de dez dias de luto
oficial na nação sul-americana, liderada por Chávez durante os últimos 14 anos.
“Você é um gigante.. voe alto e forte, nós cuidaremos de sua pátria e
defenderemos seu legado", disse sua filha María Gabriela, em uma cerimônia
religiosa antes do início da procissão.
O caixão foi levado por membros da cavalaria até o pátio
militar, onde recebeu honras de mais de mil cadetes antes de começar um
percurso pela capital até o Quartel da Montanha. Ainda restam dúvidas sobre o
local definitivo onde o corpo ficará enterrado.
Durante a cerimônia, aviões sukhoi (um tipo de aeronave
russa) sobrevoaram o céu de Caracas. Além disso, houve uma missa e palavras do
major general Jacinto Pérez Arcay - considerado um mestre por Chávez -, do
presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, e da filha do falecido
presidente María Gabriela Chávez.
Cercado por sua escolta pessoal, o caixão coberto pela
bandeira da Venezuela foi seguido por uma caravana liderada pelos pais do
falecido chefe de Estado, Elena e Hugo de los Reyes, familiares, funcionários e
a cúpula militar. Enquanto o hino nacional era tocado, Chávez recebeu honras e
se ouviam salvas de tiros de canhão.
Também estava presente o presidente da Bolívia, Evo Morales,
que na semana passada compareceu ao funeral organizado pelo governo da
Venezuela e do qual participaram mais de 50 delegações internacionais e cerca
de 30 chefes de Estado e de governo.
Os familiares de Chávez continuaram o percurso sobre a
esplanada do pátio militar em um tapete vermelho, enquanto os cadetes cantavam
"Patria querida", uma composição musical militar que o falecido governante
cantou no dia 8 de dezembro em sua última mensagem aos venezuelanos.
Posteriormente, o caixão foi colocado em um carro funerário para começar o
cortejo fúnebre até seu lugar de destino.
Destino
Multidões de "chavistas" encheram as ruas para a
procissão de sexta-feira. Alguns usavam bandanas com o nome do presidente
interino, Nicolás Maduro, nomeado por Chávez como seu sucessor e que disputará
a Presidência nas eleições de 14 de abril.
O local escolhido para o memorial tem grande significado
histórico para os venezuelanos, tanto por ser onde Chávez comandou a rebelião
de 4 de fevereiro de 1992, como pela importância do 23 de Janeiro – um bairro
conhecido por resistir a governos repressores e por reunir forte apoio ao
presidente.
Desde o último dia 6, o corpo de Chávez foi velado na
Academia Militar de Caracas para que milhares de pessoas pudessem dar o seu
último adeus ao líder em uma capela cujo acesso foi fechado ao público por
volta das 2h30 locais de hoje (4h de Brasília).
Local do sepultamento
O Parlamento deveria debater uma moção nesta semana para uma
emenda na Constituição para que o corpo de Chávez seja colocado no Panteão
Nacional, perto dos restos mortais do líder da independência da Venezuela e
vários outros países sul-americanos, Simon Bolívar. A Constituição estabelece
que a honraria só pode ser concedida para líderes 25 anos após sua morte.
Mas o debate foi adiado em meio a conversas de que o corpo de
Chávez pode ser levado para sua cidade-natal, Sabaneta, nos "llanos"
(planícies) venezuelanos, cumprindo seu desejo de descansar ao lado da avó que
o criou em uma casa de chão de barro.
Oposição
A oposição, por sua vez, acusa o governo de prolongar o luto
propositalmente e explorar o caixão de Chávez como uma peça de campanha. O
candidato da coligação Mesa da Unidade Democrática, Henrique Capriles,
governador de Miranda, pretende começar a fazer campanha pelo país no final de
semana. "Pedimos aos que estão usando indiscriminadamente o nome do
presidente para a obtenção de votos que parem esse método perverso de
proselitismo eleitoral", dizia um comunicado da oposição. "Vamos ter
uma campanha decente, sem vantagens injustas ou abusos do poder".
Chávez, mortos aos 58 anos por complicações operatórias em um
câncer na região pélvica, assumiu o poder em fevereiro de 1999 e em outubro
passado tinha conquistado sua terceira reeleição consecutiva para o período
2013-2019, iniciado no dia 10 de janeiro e para o qual não pôde tomar posse
devido ao seu estado de saúde.
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