Central apoia declaração de Dilma que colocou desenvolvimento
econômico e emprego em primeiro lugar
A recente declaração da presidenta Dilma Rousseff, de que não
concorda com políticas de combate à inflação baseadas em redução do crescimento
econômico, intensificou as tentativas de setores da mídia e do mercado
financeiro de impor a agenda de defesa de contenção do consumo interno e do
crédito e do aumento de demissões e das taxas de juros, derrotada nas eleições.
Ao contrário do que foi divulgado, a declaração da presidenta
se baseia nas projeções do Banco Central de que o IPCA – IBGE irá atingir
índices próximos de 5,7% em dezembro de 2013 (informação divulgada pelos meios
de comunicação no dia 27 de março de 2013), ou seja, inferior ao verificado no
ano anterior. Portanto, em nenhum momento se considerou que a inflação do ano
ultrapassaria o teto de 6,5% definido pelo regime de metas de inflação.
Além disso, a experiência de aumento da taxa de juros para combater
um “possível descontrole inflacionário”, no início de 2011, desestimulou o
crescimento econômico, que só voltou a dar sinais de recuperação nos últimos 2
meses. Um aumento de juros, como defende o mercado financeiro, além de eficácia
duvidosa, carrega um alto custo social e econômico e pode abortar as
expectativas de crescimento para este ano.
A CUT acredita que uma política de elevação das taxas de
juros atenta contra o desenvolvimento sustentável, gerador de emprego e renda,
reduz o mercado interno, encarece o crédito e serve apenas aos interesses do
capital especulativo. A natureza recente da inflação, concentrada
principalmente nos preços dos alimentos e dos impactos sazonais de correções
dos preços administrados (como tarifas de transporte, entre outros), muitos
comuns no início do ano, tendem a se dissipar no decorrer do ano. Ambos os
fatores não têm qualquer relação com uma “pressão de demanda” na economia
brasileira. Ou seja, um aumento de juros causará redução da economia, do
emprego, dos salários e na demanda interna.
Aumentar os juros significa aumentar as despesas públicas,
uma vez que aumenta sua conta financeira (seus gastos com juros da dívida). A
saída mais eficiente é a ampliação dos investimentos em infraestrutura e
redução das desigualdades sociais.
Por fim, a CUT defende que medidas como a desoneração dos
itens da cesta básica também devem incluir impostos estaduais e municipais; que
deve haver uma atuação da Companhia de Nacional de Abastecimento (CONAB) mais
presente através de estoques reguladores para estabilização dos preços ao
consumidor. E mais: não se pode deixar de dar atenção aos crescentes movimentos
de concentração de mercado ocorridos no país (através de fusões e aquisições,
que ocorre via Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE),
principalmente no que diz respeito ao poder de mercado e dinâmica de preços.
Além disso, a CUT defende a desindexação de contratos e tarifas públicas.
Todas estas medidas seriam mais eficientes para conter a
inflação sem interromper o processo de crescimento que se desenha para 2013
porque atuaria em fontes estruturais do processo inflacionário, o que
proporcionaria uma eficácia muito maior em seu combate do que o velho (e falso)
dilema entre crescimento econômico ou estabilização, presente há muito tempo no
centro do debate de política econômica do país, mas que interessa apenas a uma
diminuta (e especuladora) parte dos agentes econômicos.
Por tudo isto, a CUT apoia a declaração feita pela presidenta
Dilma Rousseff nesta quarta-feira (27), em Dubai, durante a reunião dos BRICS,
de que não concorda com medidas de desaquecimento da economia para combater a
inflação.
São Paulo, 28 de março de 2013.
Vagner Freitas - Presidente Nacional da CUT
Nenhum comentário:
Postar um comentário