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A julgar pela semana que passou, a impressão é que a batalha
por 2014 será intensa. E quente.
Dois fatos relevantes
marcaram a semana na política: a morte de Hugo Chávez e o pronunciamento da
Presidenta Dilma Rousseff no Dia Internacional da Mulher.
Antes de prosseguir, é preciso ter em mente que a mídia
fundamentalista do Brasil lançou a corrida presidencial de 2014 ao repercutir
com intensidade o lançamento do partido de Marina Silva, ao insistir na
candidatura de Eduardo Campos do PSB, além de cobrir com muito entusiasmo os
discursos do candidato e Senador Aécio Neves, do PSDB.
Por mais que digam que
Dilma está em campanha para a reeleição, é notório que setores da imprensa
mostraram suas armas para tentar derrubar o projeto do Partido dos
Trabalhadores no comando da Nação. Enquanto únicos oposicionistas, veículos de
comunicação sabem que, ou começam a agir desde já, ou serão novamente engolidos
nas urnas em 2014.
A cobertura da morte de Hugo Chávez revelou-se vergonhosa e
vulgar. Apesar dos milhões de venezuelanos que choram a morte de seu líder,
“analistas” políticos, sobretudo da globo*, emitiram comentários desprezíveis e
ofensas grotescas aos nossos vizinhos. No o globo*, trataram Chávez como assistencialista,
paternalista, caudilho, “pai dos pobres”. A cretina Miriam Leitão acusa as
políticas sociais venezuelanas de não serem sustentáveis e afirma que o “choro
coletivo em Caracas” se deve às “bondades” de Presidente morto.
Na folha*, acusaram seu “perfil autoritário”, seu “domínio
oligárquico”, além da pérola de ser um
“fenômeno retardatário do populismo latino-americano”.
A revista veja* deste domingo, por exemplo, coloca imagem
obscura de Chávez na capa e o título “Chávez – A herança sombria”.
Em 08 de Março, em rede nacional de rádio e TV, a Presidenta
do Brasil, além de parabenizar as mulheres, anunciou a desoneração fiscal da
Cesta Básica e a inclusão de novos produtos de consumo no cálculo.
Foi duramente criticada. A cheirosinha Eliane Catanhede
escreveu que o gesto nada mais foi que um “saco de bondades” para coibir o
crescimento desenfreado da inflação, ligando o pronunciamento de Dilma à
campanha eleitoral. No o globo*, a desoneração de impostos é um “embate entre
governo e oposição”.
E vai por aí.
A tentativa de tratar
as pessoas como estúpidas e ignorantes é risível. De olho no processo eleitoral
– e diante da cada vez mais distante possibilidade de vitória – de 2014,
setores conservadores pretendem que todos os brasileiros votem de acordo aos
ideais mais atrasados da política apenas para voltar a favorecer os mesmos
grupinhos de sempre.
Nos períodos em que estiveram governando o Brasil, apesar de
reconhecer o abismo que separava as classes sociais, os grupos políticos hoje
na oposição insistiam que era preciso fortalecer o país antes de distribuir
renda. Passamos por períodos de crescimento e a riqueza sempre se manteve nas
mãos dos mesmos; sobravam migalhas que acreditavam eram capazes de manter
indefinidamente “cada um no seu lugar”.
Aqui, a partir de 2002, as coisas mudaram sensivelmente.
Milhões foram incluídos, passaram a consumir e a ter direito a moradia. Não só
no Brasil como em diversos países da América Latina. O sucesso das políticas públicas passou a ser
determinante na eleição e reeleição de diversos líderes no Brasil, Venezuela,
Argentina, Equador, Bolívia, Peru...
Foi então que surgiram os ataques da mídia fundamentalista
nestes países, que tratou logo no início de acusar os governos de restringirem
a liberdade de imprensa, de tratar os Presidentes e Presidentas de populistas e
demagogos, de apontar as falhas nas políticas econômicas de cada um de seus
governos, de usar de artimanhas editoriais para fazer crer a seus leitores que
estes governos não eram capazes de governar.
Como se todos os governos de esquerda tivessem a obrigação de
resolver todos os problemas sociais causados por décadas, séculos, de
exploração da mão de obra em benefício de uma camada social reduzida, em tão
pouco tempo!
Para ficar apenas nas
políticas sociais de Venezuela e Brasil, o salto de qualidade de vida das
populações pobres foi tão forte, tão relevante, que os líderes destes dois
países são tratados com um carinho sem medida, a ponto de pessoas permanecerem
24 horas na fila de visita ao corpo de Hugo Chávez!
E de setores da oposição tentarem derrubar Lula mesmo sendo
ele um ex-Presidente da República!
O estridente ruído da imprensa, na tentativa de maquiar a
imagem de seus políticos preferidos, e de demonizar os demais, tem razão de
ser. No capitalismo ocidental, as empresas de comunicação estão nas mãos de
poucas pessoas, e seus interesses estão intimamente ligados aos governos
liberais. Quando não são contemplados, seus editores-chefes passam a operar sob
comando alinhado aos desejos do grande capital, acusam, ofendem, caluniam, usam
de todas as técnicas de difamação para desconstruir a imagem de um político na
vã esperança de não ter que dividir um assento de avião com um pobre, uma rua
com um carro popular, uma fila de supermercado com um favelado.
Quando, no Brasil, criou-se o PROER – programa de auxílio a
bancos privados endividados – a imprensa não estrilou, o Bolsa-Familia é
tratado como Bolsa-Esmola.
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“DEFENDEREMOS NUESTRA PATRIA CON NUESTRA PROPRIA VIDA” – de
um operário venezuelano na fila de visita ao corpo do Presidente Hugo Chávez.
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* Este blogueiro
recusa-se a grafar os nomes dos jornais folha, globo e estadão, e da revista
veja, com as iniciais maiúsculas.
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Por JÚLIO PEGNA
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