O escândalo já ocupa a mídia há alguns dias e eu tenho
evitado comentá-lo, mas hoje um ex-diretor da Fundação para o Desenvolvimento
da Educação (FDE), Milton Leme, executivo no órgão na época em que o deputado
Gabriel Chalita (PMDB-SP) era o secretário de Educação do Estado, afirma ter
recebido uma oferta de dinheiro para acusá-lo.
O escândalo foi deflagrado pelo analista de sistemas Roberto
Grobman, que trabalhou com Chalita na Secretaria de Educação do Estado. Ele
afirmou ao Ministério Público Estadual (MPE-SP), e depois à mídia, que Chalita,
quando secretário, recebia malas de dinheiro e teve a reforma de um apartamento
paga ppor uma empresa que trabalhava na área da educação, a COC, em troca de
contratos na Pasta.
As acusações de Grobman levaram o MPE-SP a instaurar 11
inquéritos contra Chalita. Ao fazê-las, ele disse estar acompanhado pelo
jornalista Ivo Patarra, que então trabalhava na campanha de José Serra. Patarra
já confirmou que acompanhou Grobman quando ele foi fazer as denúncias.
A oferta de dinheiro a
Milton Leme
A propina, R$ 500 mil, segundo conta Leme à Folha de S.Paulo,
lhe foi oferecida num telefonema, por Roberto Grobman, para que ele sustentasse
acusações de corrupção contra Chalita, De acordo com Leme, Grobman sugeriu que
a origem do dinheiro era a campanha a prefeito do ex-governador José Serra, que
no ano passado disputava a prefeitura paulistana com Chalita, na eleição
vencida pelo prefeito Fernando Haddad.
Leme conta que Grobman lhe fez a oferta depois que os dois
mantiveram um encontro no Shopping Higienópolis com o deputado Walter Feldman
(PSDB-SP), que trabalhava na campanha de José Serra. Leme diz não ter provas.
Ele conta que procurou o MPE-SP para prestar depoimento ontem, mas os
promotores se recusaram a ouvi-lo por considerarem impróprio na atual fase dos
inquéritos.
"Não conheço os fatos nem as pessoas citadas",
defendeu-se Serra ao falar à Folha sobre Roberto Grobman e Milton Leme. Feldman
confirma o encontro no shopping com Leme e Grobman e que este fez acusações
contra Chalita. Complementa que a conversa que teve com o denunciante "foi
muito boba" e completa lembrando o que disse a Grobman: "Nós não
trabalhamos com esse tipo de acusação. Se você tem alguma denúncia apresente ao
Ministério Público. É onde esse tipo de investigação deve ser feita".
Evitando abrir
investigação sobre José Serra e Walter Feldman
As acusações de Milton Leme, se forem verdadeiras, são
gravíssimas. O fato inusitado é a recusa do MPE-SP de tomar o depoimento do
denunciante ontem, evidentemente para evitar a abertura de uma investigação
sobre o ex-governador José Serra e o deputado Walter Feldman. O que se
verifica, pela leitura das denúncias é que todos os fatos narrados apontam para
a campanha de José Serra e seus dossiês - como aliás disse o deputado Chalita
ao defender-se quando da eclosão do escãndalo.
Os fatos são gravíssimos, e tudo indica que o MPE-SP
prevarica em não ouvir o denunciante Milton Leme e em não investigar,
contrariando seu comportamento nos últimos anos, ativíssimo contra os
adversários do PSDB. Inclusive nas denúncias agora contra Chalita que o levaram
a instauração de 11 inquéritos para apurar as acusações ao deputado.
Blog do Dirceu
Postado por O TERROR DO NORDESTE
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