Por: Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual
Ao lado de Lula, o presidente da CUT afirmou que o papel
atual da central tem de ser diferente do que tinha em 1983 (Foto: Ricardo Stuckert.
Instituto Lula)
São Paulo – O presidente da CUT, Vagner Freitas, diz que a
central é “o que o sindicato quer que ela seja”. Ele destacou os primeiros
tempos da entidade, criada em 1983, mas lembrou que o papel atual tem de ser
diferente. “A conjuntura é outra.” Agora, segundo o dirigente, o movimento
sindical deve assumir um papel de protagonista inclusive em fóruns
internacionais. Em encontro com Dilma Rousseff no início do mês, sindicalistas
da CUT disseram que a presidenta defenderá espaço para as centrais na próxima
reunião do G20, em setembro, em São Petersburgo, na Rússia. Freitas identifica
“governantes perdidos” em meio à crise europeia.
No ano em que a CUT surgiu, a conjuntura, de fato, era bem
diferente. A começar da situação política: o Brasil ainda estava sob uma
ditadura, no governo do último presidente-general, João Baptista Figueiredo.
Entre as principais reivindicações da época estavam o rompimento com o Fundo
Monetário Internacional (FMI) e o fim da Lei de Segurança Nacional (LSN). Também
se protestava contra o Decreto 2.045, que limitava os reajustes salariais a 80%
da inflação. O governo interveio nos sindicatos dos Metalúrgicos de São
Bernardo do Campo e Diadema (atual ABC) e dos Petroleiros da Bahia. Em 21 de
julho, ocorreu uma greve geral.
Praticamente ao mesmo tempo em que terminava o congresso que
decidiu pela fundação da CUT, o Dops de São Paulo indiciava em inquérito
participantes de uma reunião, ocorrida em julho, em que se discutiu a greve
geral. Entre os indiciados estavam Jamil Murad (presidente do Sindicato dos
Médicos, ex-deputado), Clara Ant (Sindicato dos Arquitetos), assessora de Lula,
e Jair Meneguelli (presidente da CUT), atual presidente do Conselho Nacional do
Sesi.
As origens da CUT vêm da 1ª Conferência Nacional da Classe
Trabalhadora (Conclat), realizada em 1981, em Praia Grande, litoral paulista.
Ali, o debate de se criar uma central sindical foi dividido. Parte dos
participantes realizou outra Conclat (agora significando congresso) em agosto
de 1983, em São Bernardo, no ABC, quando a CUT foi criada. Participaram 5.059
delegados de 912 entidades.
Em 1984, foi realizado o 1º Congresso Nacional da CUT
(Concut), também em São Bernardo. Na primeira executiva, Meneguelli era o
presidente, Avelino Ganzer (trabalhadores rurais de Santarém), o vice, e Paulo
Paim (metalúrgicos de Canoas-RS), o secretário-geral – Paim é hoje senador pelo
PT gaúcho. Ganzer participou da reunião de hoje da direção nacional da CUT, que
marcou o início das comemorações pelos 30 anos da central. Também estava lá
Delúbio Soares, que fez parte da primeira executiva como vice-presidente pela
região Centro-Oeste. Ele foi saudado com “um abraço fraternal” por Vagner
Freitas.
Todos os ex-presidentes participaram do encontro de hoje.
Lula destacou o pioneirismo de Jair Meneguelli, também metalúrgico, que dirigiu
a central por 11 anos, de 1983 a 1994. “Foi um momento de ouro da CUT, com
erros e acertos”, afirmou.
O sucessor de Meneguelli, o atual deputado federal Vicente
Paulo da Silva, o Vicentinho (1994-2000), outro metalúrgico do ABC, inaugurou o
período do chamado sindicalismo cidadão – ou seja, de inserção em outros
movimentos além do trabalhista. Após um período de quatro meses de
interinidade, com Kjeld Jakobsen, o professor da rede pública paulista João
Felício foi eleito em 2000 em um período de maior confronto com as chamadas
políticas neoliberais do governo – em especial, com um projeto que
flexibilizava a CLT e dava ao movimento sindical “o duvidoso benefício da
negociação livre”. Em 2003, foi eleito o metalúrgico Luiz Marinho, que se
tornaria ministro do governo Lula (Previdência e Trabalho). Ano passado, ele
foi reeleito para a prefeitura de São Bernardo. De 2006 a 2012, a direção da
CUT ficou com o eletricitário de Campinas Artur Henrique, que foi substituído
pelo bancário paulistano Vagner Freitas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário