domingo, 3 de março de 2013

Para presidente da CUT, centrais têm de ser protagonistas na política internacional


Por: Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual

Ao lado de Lula, o presidente da CUT afirmou que o papel atual da central tem de ser diferente do que tinha em 1983 (Foto: Ricardo Stuckert. Instituto Lula)

São Paulo – O presidente da CUT, Vagner Freitas, diz que a central é “o que o sindicato quer que ela seja”. Ele destacou os primeiros tempos da entidade, criada em 1983, mas lembrou que o papel atual tem de ser diferente. “A conjuntura é outra.” Agora, segundo o dirigente, o movimento sindical deve assumir um papel de protagonista inclusive em fóruns internacionais. Em encontro com Dilma Rousseff no início do mês, sindicalistas da CUT disseram que a presidenta defenderá espaço para as centrais na próxima reunião do G20, em setembro, em São Petersburgo, na Rússia. Freitas identifica “governantes perdidos” em meio à crise europeia.

No ano em que a CUT surgiu, a conjuntura, de fato, era bem diferente. A começar da situação política: o Brasil ainda estava sob uma ditadura, no governo do último presidente-general, João Baptista Figueiredo. Entre as principais reivindicações da época estavam o rompimento com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o fim da Lei de Segurança Nacional (LSN). Também se protestava contra o Decreto 2.045, que limitava os reajustes salariais a 80% da inflação. O governo interveio nos sindicatos dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema (atual ABC) e dos Petroleiros da Bahia. Em 21 de julho, ocorreu uma greve geral.

Praticamente ao mesmo tempo em que terminava o congresso que decidiu pela fundação da CUT, o Dops de São Paulo indiciava em inquérito participantes de uma reunião, ocorrida em julho, em que se discutiu a greve geral. Entre os indiciados estavam Jamil Murad (presidente do Sindicato dos Médicos, ex-deputado), Clara Ant (Sindicato dos Arquitetos), assessora de Lula, e Jair Meneguelli (presidente da CUT), atual presidente do Conselho Nacional do Sesi.

As origens da CUT vêm da 1ª Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), realizada em 1981, em Praia Grande, litoral paulista. Ali, o debate de se criar uma central sindical foi dividido. Parte dos participantes realizou outra Conclat (agora significando congresso) em agosto de 1983, em São Bernardo, no ABC, quando a CUT foi criada. Participaram 5.059 delegados de 912 entidades.
Em 1984, foi realizado o 1º Congresso Nacional da CUT (Concut), também em São Bernardo. Na primeira executiva, Meneguelli era o presidente, Avelino Ganzer (trabalhadores rurais de Santarém), o vice, e Paulo Paim (metalúrgicos de Canoas-RS), o secretário-geral – Paim é hoje senador pelo PT gaúcho. Ganzer participou da reunião de hoje da direção nacional da CUT, que marcou o início das comemorações pelos 30 anos da central. Também estava lá Delúbio Soares, que fez parte da primeira executiva como vice-presidente pela região Centro-Oeste. Ele foi saudado com “um abraço fraternal” por Vagner Freitas.
Todos os ex-presidentes participaram do encontro de hoje. Lula destacou o pioneirismo de Jair Meneguelli, também metalúrgico, que dirigiu a central por 11 anos, de 1983 a 1994. “Foi um momento de ouro da CUT, com erros e acertos”, afirmou.

O sucessor de Meneguelli, o atual deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (1994-2000), outro metalúrgico do ABC, inaugurou o período do chamado sindicalismo cidadão – ou seja, de inserção em outros movimentos além do trabalhista. Após um período de quatro meses de interinidade, com Kjeld Jakobsen, o professor da rede pública paulista João Felício foi eleito em 2000 em um período de maior confronto com as chamadas políticas neoliberais do governo – em especial, com um projeto que flexibilizava a CLT e dava ao movimento sindical “o duvidoso benefício da negociação livre”. Em 2003, foi eleito o metalúrgico Luiz Marinho, que se tornaria ministro do governo Lula (Previdência e Trabalho). Ano passado, ele foi reeleito para a prefeitura de São Bernardo. De 2006 a 2012, a direção da CUT ficou com o eletricitário de Campinas Artur Henrique, que foi substituído pelo bancário paulistano Vagner Freitas.

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