Em reunião da direção nacional da CUT, que completa 30 anos,
ex-presidente afirma que central teve de avançar 'arrancando pedacinho por
pedacinho'
Por: Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual
São Paulo – A economia brasileira, “apesar do pessimismo”,
vai crescer, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião
da direção nacional da CUT, que completará 30 anos em agosto. “O emprego e a
massa salarial vão continuar crescendo. A situação geral vai melhorar, apesar
dos que torcem para não dar certo.”
Ele citou os atuais indicadores do desemprego no país,
medidos pelo IBGE, que apontam os menores índices da série histórica. Comparou
a taxa de dezembro (4,6%) com as da Europa, que têm se mantido elevadas. “Eu
sinto orgulho”, disse Lula, ao se referir à situação do mercado de trabalho no
país.
Esses foram os únicos comentários de Lula envolvendo mais
diretamente o governo. Ele contou que está lendo o livro que inspirou o filme
Lincoln, sobre o ex-presidente dos Estados Unidos, atualmente em cartaz.
“Fiquei impressionado como em 1860 a imprensa batia nele, igualzinho fazia
comigo”, comentou, arrancando risos.
Ele não fez referência às recentes polêmicas envolvendo
comparações sobre dez anos de governo petista e oito de gestão tucana. Centrou
seu discurso na importância histórica da CUT e nas relações do movimento
sindical com o governo. “É preciso destacar o fato de no Brasil, com tão pouca
experiência democrática, uma central comemorar 30 anos de existência. A CUT
avançou quase sempre contrária à legislação vigente. Fomos fazendo as coisas
sem pedir licença, arrancando pedacinho por pedacinho. Se tem uma coisa que
sabermos fazer, é cobrar.”
O ex-presidente lembrou de um encontro que teve com o
empresário Octavio Frias de Oliveira, do grupo Folha. “Ele disse: 'Lula, nunca
vão deixar você chegar no andar de cima'. Nós chegamos e gostamos. E provamos
que sabemos fazer melhor do que eles.”
Também citou um jantar com Celso Furtado, com a presença do
então presidente da CUT Jair Meneguelli, hoje presidente do Conselho Nacional
do Sesi. A conversa era sobre as alas “radicais” do PT. Segundo Lula, o
economista recomendou: “Nunca destrate esses companheiros. Quanto mais radicais
eles forem, mais eles mostram o caminho que você não deve seguir. Mas a
radicalidade deles não permite que você vá para a direita”.
Com humor, ele disse acreditar que o movimento sindical terá
relação melhor com Dilma do que com ele. “Mulher sempre trata melhor. Mesmo
quando a mulher é dura, ela é mais flexível do que o homem.” Na quarta-feira
que vem, as centrais farão uma marcha em Brasília, e no final serão recebidos
pela presidenta no Palácio do Planalto.
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