domingo, 3 de março de 2013

Indústria da defesa é sobretudo a indústria do conhecimento, afirma Dilma




Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, na cerimônia de inauguração da Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas – UFEM - Itaguaí/RJ - Itaguaí – RJ, 1º de março de 2013

Bom dia a todos. 
Eu queria iniciar cumprimentando o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral - um grande parceiro do governo federal nessa verdadeira epopeia que tem sido construir, aqui neste estado, uma infraestrutura que permita ao país, de fato, se afirmar no mundo, mas, sobretudo, se desenvolver de forma soberana.
Queria cumprimentar aqui os ministros de estado que me acompanham hoje: o ministro da Defesa, Celso Amorim; o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp; o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, José Elito, general José Elito.
Queria também cumprimentar as senhoras, os senhores deputados federais aqui presentes: o Edson Santos; o Felipe Bornier; o ex-ministro da Pesca, Luiz Sérgio; o senhor Mauro Lopes; a Perpétua, minha querida amiga Perpétua Almeida; o Vanderlei Siraque e o Zoinho.
Queria cumprimentar os comandantes das Forças Armadas: almirante-de-esquadra Júlio Soares de Moura Neto, da Marinha; general do exército Enzo Martins Peres, do Exército; tenente-brigadeiro-do-ar Juniti Saito, da Aeronáutica. Queria cumprimentar os almirantes Alfredo Caron e Mauro Cezar, ex- ministros da Marinha.
Queria cumprimentar o vice-governador do Rio, meu querido Pezão, Luiz Fernando Pezão.
Queria cumprimentar o prefeito que nos recebe hoje, aqui em Itaguaí, o prefeito Luciano Mota.
Cumprimentar o chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Fernando Eduardo Studart Wiermer, por intermédio de quem eu cumprimento todos os oficiais-generais aqui presentes. E uma saudação especial para todos os integrantes da Marinha brasileira.
Queria cumprimentar o vice-prefeito de Itaguaí, Wesley Pereira Gonçalves.
Cumprimentar também o querido amigo Jaime Cardoso, o presidente da Nuclep. O diretor-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e de quem eu saúdo todos os empresários aqui presentes. O senhor Patrick Boissier, diretor-presidente da DCNS.
Cumprimentar a Alcinéia Nunes do Couto e Silva, agradecer pelas rosas. E por meio da Alcinéia eu queria cumprimentar todos os trabalhadores. E, sobretudo, eu queria dirigir um cumprimento especial a todas as trabalhadoras e a todas as mulheres aqui presentes.
Cumprimentar os senhores jornalistas, os senhores fotógrafos e os senhores cinegrafistas.
Senhoras e senhores,
Eu estive aqui há três anos atrás, e era um momento especial para todos nós – naquela época eu era ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República, durante o governo do presidente Lula. Era janeiro, se eu não me engano, de 2010. De lá para cá, toda essa fantástica estrutura foi construída, e aqui neste lugar se erigiu um projeto que é muito importante para o Brasil. E eu me refiro tanto à unidade de fabricação de estruturas metálicas que está nesse momento sendo inaugurada, mas a toda a infraestrutura construída aqui nessa região. Foram três anos e, por isso, é muito importante que a gente dirija uma saudação especial à Marinha do Brasil, aos seus oficiais, a todos aqueles da Marinha que contribuíram para que isso, junto com o Ministério da Defesa, ficasse de pé.
Mas eu cumprimento também a empresa construtora desta obra, a empresa Odebrecht, pela grandiosidade e pela qualidade e a rapidez com que foram construídas estas estruturas.
Queria destacar também a importância de ter tido, nesse processo que se inicia há alguns anos atrás, a recuperação da Nuclep. Porque foi na Nuclep - e aqui nós temos um símbolo dessa obra que acaba também de ser descerrado - foi na Nuclep que nós mostramos que era possível construir, com mãos, cérebros e a vontade de brasileiros e de brasileiras, construir aqui em Itaguaí, com toda a infraestrutura que também foi feita em parceria com o governo do estado, com o Sérgio Cabral e com o seu vice, Pezão, foi possível construir aqui todo esse empreendimento que é uma parte fundamental da indústria da defesa no nosso país.
Nós podemos dizer, com orgulho, que essa obra, ela é produto da iniciativa de várias, de múltiplas instituições privadas e públicas. Podemos dizer que, de fato, com ela nós entramos no seleto grupo que é aquele dos integrantes do Conselho de Segurança das Nações Unidas - únicas nações que têm acesso ao submarino nuclear: Estados Unidos, China, França, Inglaterra e Rússia.
Sobretudo, eu acredito que nós podemos afirmar com orgulho que o programa de desenvolvimento de submarinos é uma realidade. É importante a fase em que se projeta, cria, se planeja uma obra e uma iniciativa como essa. Mas é um grande desafio para todos os aqui presentes ter realizado e ter dado esse passo importante com a UFEM.
Junto com o programa nuclear da Marinha, nós estamos vendo que aqui também se cria um pólo de referência. Um pólo de referência baseado nesse contrato que nós firmamos com a França em dezembro de 2008. E esse contrato tem por objetivo garantir a transferência de tecnologia e a formação de profissionais brasileiros na construção de submarinho.
Essa parceria, ela tem de ter sempre o olhar cuidadoso de todos aqueles que nela participam. Porque nós temos, por parte do povo brasileiro, a missão de garantir e assegurar que de fato essa tecnologia nos seja transferida conforme contrato.
Eu gostaria de louvar um fato que é muito importante: uma indústria da defesa, como disse o ministro Celso, é uma indústria da paz. Mas eu acho que a indústria da defesa é, sobretudo, a indústria do conhecimento. Aqui se produz tecnologia, aqui tem também um poder imenso de difundir tecnologia. É isso que nos outros países a indústria de defesa faz. Ela difunde por toda a indústria do país, ela difunde o uso de tecnologia que, preliminarmente, está muito focada e concentrada num ponto, que é a indústria de defesa, e na sequência ela permite que nós generalizemos essa difusão por toda a cadeia produtiva. A mais diferenciada, inclusive.
Meus amigos e minhas amigas,
Nós somos uma nação muito característica. Nós somos um país continental, nós vivemos em profunda paz com todos os nossos vizinhos. Nós somos uma região do mundo que não faz disputas bélicas, não tem conflitos e, sobretudo, uma região pacífica.
Todos nós temos consciência, no entanto, que o mundo é um mundo complexo. O Brasil assumiu, nos últimos anos, uma grande relevância. Um país como o Brasil tem esse mérito de ser um país pacífico. Isso não nos livra de termos uma indústria da defesa e temos toda uma contribuição a dar na garantia da nossa soberania, e nos inserirmos cada vez de forma mais pacífica e dissuasória preventivamente no cenário internacional.
Por isso, aqui, hoje nós temos a confluência de várias, múltiplas correntes, múltiplos fluxos do que é o desenvolvimento do país. De um lado, a afirmação da importância e do orgulho que nós sentimos quando - os senhores não podem olhar - mas quando olhamos para ali e vemos escrito: fabricado no Brasil. O conteúdo local, o conteúdo nacional do que é produzido aqui mostra a pujança da capacidade brasileira, tanto do ponto de vista da empresa privada, que constrói um empreendimento dessa envergadura, quanto do ponto de vista da Marinha, que o concebe, quanto do fato de que milhares de empresas privadas do Brasil forneceram equipamentos, bens e serviços para que isso tornasse realidade. Aí está, eu diria, o fluxo característico da geração de emprego e renda para um conjunto bastante significativo da nossa população. Tem o outro que é essa capacidade de gerar tecnologia a qual nós mencionávamos. Tem um terceiro que é esse papel de afirmação soberana do Brasil como um país que se torna, cada vez mais, um país que é considerado no cenário internacional.
Agora, eu acredito que o que é mais importante, que nós podemos destacar aqui, é que o Brasil é capaz, que o Brasil pode e faz, que o Brasil tem todas as condições de cumprir simultaneamente seu duplo papel. O papel do desenvolvimento científico e tecnológico, o papel da exploração de um seguimento crucial para uma nação que a indústria da defesa com todos os desafios científicos e tecnológicos. E, ao mesmo tempo, um papel gerador de renda e de emprego, e um país que é capaz de lidar também com a superação e a eliminação da miséria.
E eu digo isso aqui diante desse cenário, porque nós nunca podemos esquecer que para essa nação se afirmar, para essa nação ser de fato uma nação desenvolvida, seu povo tem de ser desenvolvido. Por isso, eliminar da miséria e tirar da miséria, eliminar a miséria da nossa história, superar a miséria em nosso país, elevar milhões de cidadãos e cidadãs brasileiros, milhões de famílias, é complementar com o projeto dessa envergadura. E é também complementar com o projeto dessa envergadura – e eu queria aqui dirigir-me à trabalhadora que veio me entregar as rosas – é complementar a formação profissional. Fico extremamente emocionada pelo fato de ver uma trabalhadora sendo formada por esse projeto Acreditar, que é o mérito da Odebrecht, eu já o conhecia da usina hidrelétrica de Santo Antônio. Mas também mencionar algo que eu vi na entrada: uma escola de soldadores. Esse também é um mérito desse projeto, forma soldadores extremamente especializados. Nós precisamos muito da capacitação da nossa mão-de-obra. Então, por isso também ao entrar aqui eu fiquei muito feliz.
E queria concluir dizendo que também o fato de ser uma trabalhadora, uma operária, que me entregou as rosas me emociona muito, porque mostra a força da trabalhadora brasileira num projeto tão sofisticado como esse.
Muito obrigada a todos, tenho certeza que hoje é um grande dia para todos nós.

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