O Parlamento Europeu decidiu investir 2,5 milhões de euros
numa campanha de propaganda para infiltrar "trolls" nas redes sociais
com o objetivo de "controlar a opinião pública", sobretudo em casos
onde se manifeste "euroceticismo".
A formação dos "trolls" começa ainda este mês, para
que a sua ação se faça sentir antes e durante as eleições europeias de 4 a 8 de
Junho de 2014.
A informação foi divulgada a partir de documentos secretos
sobre despesas e estratégias de ação obtidos pelo correspondente em Bruxelas do
jornal britânico Daily Telegraph. Os gastos vão ser feitos numa ocasião em que
as instituições comunitárias procedem a cortes orçamentais nunca vistos na
história da integração europeia.
Os "trolls", que em terminologia de internet se
podem caracterizar segundo os conceitos de agente provocador ou agente
desestabilizador, devem funcionar, segundo um documento interno do Parlamento
Europeu, como instrumentos de controlo da opinião pública de modo a identificar
o mais cedo possível se debates de natureza política entre seguidores de redes
sociais e blogues têm potencial para atrair "o interesse" dos
cidadãos e dos meios de comunicação social.
A atividade da "patrulha de trolls", como já é
conhecida entre alguns eurodeputados, deve prestar "especial atenção"
aos países onde os sentimentos eurocéticos têm vindo a desenvolver-se.
Um documento interno do Parlamento Europeu citado pelo Daily
Telegraph afirma que "os comunicadores institucionais do PE têm que estar
preparados para controlar as conversações e os sentimentos no terreno em tempo
real, para identificar tópicos dominantes e de ter a capacidade de reagir
rapidamente, de maneira direta e relevante, associando-se às conversas e
influenciando-as, por exemplo contribuindo com factos e números para
desconstruir mitos".
A notícia do correspondente do Daily Telegraph cita ainda um
documento interno que revela a existência, no interior do setor administrativo
do Parlamento Europeu, de opiniões dissonantes sobre o assunto, ao reconhecer
que "são muito ténues as linhas que separam a comunicação institucional da
comunicação política".
No entanto, a estratégia do processo foi aprovado pelo
gabinete administrativo do Parlamento já em Julho do ano passado. O documento
principal intitula-se "linhas políticas para a informação institucional e
a campanha de comunicação". Parte do principio de que é necessário
combater a degradação constante da imagem da União Europeia decorrente da
gestão da crise e da aplicação das políticas da austeridade. Situação que o
documento define como um "nítido contraste" entre uma realidade de
"insegurança crescente e instabilidade financeira" e as promessas de
"liberdade, segurança e justiça social com um próspero mercado
interno".
Instruções para os "trolls" sobre este assunto são
exemplificadas da seguinte maneira: "de maneira a contrariar a perceção de
que 'a Europa é o problema' necessitamos de comunicar que a resposta aos
desafios existentes é 'mais Europa' e não 'menos Europa'".
Fonte: Esquerda.net
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