domingo, 3 de março de 2013

SEGUNDO COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE, 50 MIL PESSOAS TIVERAM SEUS DIREITOS VIOLADOS



 A Comissão Nacional da Verdade (CNV) reuniu-se ontem, 25, com representantes de comissões estaduais e de várias instituições na intenção de apresentar um balanço dos trabalhos feitos e assinar termos de cooperação com quatro organizações, para que haja a partilha da metodologia com estes outros órgãos.
De acordo com a Agência Brasil:
 ““A CNV assinou termos de cooperação com a Associação Nacional de História (Anpuh), com  o Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito (Conpedi), com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e com o Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro. “Estamos compartilhando nossa metodologia, nossa estratégia com uma ampla gama de comissões da verdade já criadas, algumas em criação e outros grupos que estão em processo de criação de suas comissões”, disse o coordenador da CNV, Paulo Sérgio Pinheiro”.”

Esta partilha é importante, pois ela precisa parcerias e troca de informações, inclusive o acesso a arquivos e convocações para depoimento. “São acordos de cooperação e basicamente põem à serviço dessas instituições nossas competências, como por exemplo, o acesso aos arquivos e eventuais convocações para depoimentos,” esclareceu o coordenador da CNV.

Precisar estas parcerias é fazer com que informações sobre a ditadura militar no Brasil (1964-1985) sejam conhecidas. Segundo levantamento da CNV, a ditadura militar violou os direitos de 50 mil pessoas (estimativa) entre exilados e torturados, mas também familiares que perderam algum parente nas ações durante o período de 1964 a 1985, além de pessoas que sofreram algum tipo de perseguição.

Um achado importante recente é que a Comissão Nacional da Verdade recebeu da Petrobras mais de 400 rolos de microfilmes, além de microfichas e documentos textuais. Este material é de fundamental importância para revelar qual a relação que se mantinha, durante os anos de chumbo, entre regime militar e empresa.

É inelutável a importância do trabalho da CNV. Uma ditadura militar, assim como outros regimes de exceção como a tirania e o totalitarismo, caracteriza-se por aquilo que o filósofo Spinoza chama de impotência, isto é, a necessidade de entristecer a vida, a necessidade de fazer da escravidão um modo de existência, donde a força de existir só tende a declinar. Daí, a base da “política” de qualquer regime de exceção ser o alastramento da tristeza, pois ela começa a ser irradiada do centro da impotência, que é o tirano, o regime militar, o totalitarismo, etc.. Des-velar esta tristeza, fazer com que toda esta forma inadequada de se fazer política através da impotência venha a público (uma produção feita por todos para todos), assim como a CNV vem fazendo, é colocar o riso da alegria do aumento da potência de agir como resistência a esta tristeza.

A impotência de todos os regimes de exceção impõe a pior forma de morte possível: renunciar a própria vida como produção, deixar de viver em vida, fazer com que a vida seja reduzida a regras morais que apenas devem ser obedecidas para manter certa coesão social imposta. É como diz o filósofo David Hume: “O assassinato ilegítimo de um homem por um tirano é mais pernicioso que a morte de mil pela peste, pela fome ou por qualquer outra calamidade”

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