A Comissão Nacional da Verdade (CNV) reuniu-se ontem, 25, com
representantes de comissões estaduais e de várias instituições na intenção de
apresentar um balanço dos trabalhos feitos e assinar termos de cooperação com
quatro organizações, para que haja a partilha da metodologia com estes outros
órgãos.
De acordo com a Agência Brasil:
““A CNV assinou termos
de cooperação com a Associação Nacional de História (Anpuh), com o Conselho Nacional de Pesquisa e
Pós-Graduação em Direito (Conpedi), com a Federação Nacional dos Jornalistas
(Fenaj) e com o Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro. “Estamos
compartilhando nossa metodologia, nossa estratégia com uma ampla gama de comissões
da verdade já criadas, algumas em criação e outros grupos que estão em processo
de criação de suas comissões”, disse o coordenador da CNV, Paulo Sérgio
Pinheiro”.”
Esta partilha é importante, pois ela precisa parcerias e
troca de informações, inclusive o acesso a arquivos e convocações para
depoimento. “São acordos de cooperação e basicamente põem à serviço dessas
instituições nossas competências, como por exemplo, o acesso aos arquivos e
eventuais convocações para depoimentos,” esclareceu o coordenador da CNV.
Precisar estas parcerias é fazer com que informações sobre a
ditadura militar no Brasil (1964-1985) sejam conhecidas. Segundo levantamento
da CNV, a ditadura militar violou os direitos de 50 mil pessoas (estimativa)
entre exilados e torturados, mas também familiares que perderam algum parente
nas ações durante o período de 1964 a 1985, além de pessoas que sofreram algum
tipo de perseguição.
Um achado importante recente é que a Comissão Nacional da
Verdade recebeu da Petrobras mais de 400 rolos de microfilmes, além de
microfichas e documentos textuais. Este material é de fundamental importância
para revelar qual a relação que se mantinha, durante os anos de chumbo, entre
regime militar e empresa.
É inelutável a importância do trabalho da CNV. Uma ditadura
militar, assim como outros regimes de exceção como a tirania e o totalitarismo,
caracteriza-se por aquilo que o filósofo Spinoza chama de impotência, isto é, a
necessidade de entristecer a vida, a necessidade de fazer da escravidão um modo
de existência, donde a força de existir só tende a declinar. Daí, a base da
“política” de qualquer regime de exceção ser o alastramento da tristeza, pois
ela começa a ser irradiada do centro da impotência, que é o tirano, o regime
militar, o totalitarismo, etc.. Des-velar esta tristeza, fazer com que toda
esta forma inadequada de se fazer política através da impotência venha a
público (uma produção feita por todos para todos), assim como a CNV vem
fazendo, é colocar o riso da alegria do aumento da potência de agir como
resistência a esta tristeza.
A impotência de todos os regimes de exceção impõe a pior
forma de morte possível: renunciar a própria vida como produção, deixar de
viver em vida, fazer com que a vida seja reduzida a regras morais que apenas
devem ser obedecidas para manter certa coesão social imposta. É como diz o
filósofo David Hume: “O assassinato ilegítimo de um homem por um tirano é mais
pernicioso que a morte de mil pela peste, pela fome ou por qualquer outra
calamidade”
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