segunda-feira, 5 de março de 2012

Ato nesta sexta, às 19h, homenageia ciclista morta na avenida Paulista


Por Nicolau Soares, especial para a Rede Brasil Atual 

Manifestantes pró-ciclismo de toda a cidade de São Paulo realizam hoje (2), às 19h, um ato de luto em homenagem a uma ciclista de 33 anos que morreu pela manhã depois de ser atropelada por um ônibus da empresa Via Sul, linha Sacomã-Pompéia 478-P-31, na avenida Paulista, nos Jardins. O ato, batizado de Bicicletada, terá início na praça do Ciclista, no cruzamento da Paulista com a rua da Consolação. Eles vão carregar uma bicicleta branca (ghost bike) em homenagem à ciclista Juliana Dias, bióloga, que pedalava em direção ao trabalho quando foi atingida, na altura do número 1.200 da avenida, próximo à rua Pamplona.
Na sequência do fato, cerca de dez ciclistas realizaram no local um protesto chamado “Die In”: deitaram-se ao lado de suas bicicletas simulando estarem mortos no asfalto. Os manifestantes foram carregados pelos policiais para a calçada. A foto ao lado foi divulgada por Laura Sobenes via Facebook e correu rapidamente as redes sociais.
A depiladora Maria Célia dos Reis Fagundes, de 44 anos, aguardava para atravessar a Paulista. Segundo ela, a ciclista discutiu com o motorista de outro coletivo quando se desequilibrou e caiu.
“Eu estava parada e vi a moça discutindo com o motorista de um ônibus. Ela levantou uma das mãos para reclamar, perdeu o controle e caiu. A roda de outro ônibus passou por cima dela”, afirmou a mulher, bastante abalada durante o relato. Ela disse que o motorista do veículo que atropelou a ciclista ainda tentou ajudar, mas ela morreu no local.
A falta de infraestrutura para as bicicletas na capital Paulista, associada ao desrespeito por parte dos motoristas, já fez mais de uma vítima na capital. Em janeiro de 2009, a ciclista Márcia Regina de Andrade Prado, 40, morreu na avenida após ser atropelada por um ônibus. Mais recentemente, em junho do ano passado, o ciclista Antonio Bertolucci, 68, também morreu após ser atropelado por um ônibus fretado na avenida Paulo VI, na zona oeste da capital. As mortes geraram uma série de manifestações de ciclistas pelo respeito no trânsito.
O urbanista e professor da FAU-USP Alexandre Delijaicov lembra que o Código Brasileiro de Trânsito já prevê desde 1998 que a faixa da direita é reservada para o trafego preferencial de bicicletas. De fato, o artigo 58 do CBT diz: “Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores.”
"Existe uma perversão latente no motorista cotidiano, uma desconsideração pelo outro que gera uma perversão no relacionamento do mais forte com o mais fraco”, afirma Delijaicov. “Todos os anos os motoristas deveriam fazer uma reciclagem, se colocar na posição do pedestre ou do ciclista, usar pesos para precisar de muleta”, completa.

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